Renúncia de Zambelli ao mandato foi jogada de Huguinho Motta

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Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao mandato de deputada que o Supremo Tribunal Federal já havia cassado. E não só o mandato: com a cassação, ela perdeu os direitos políticos e ficará inelegível durante oito anos. É o que manda a lei. Aconteceu, por exemplo, com Bolsonaro, inelegível até completar 105 anos de idade.A renúncia de Zambelli ao que não tem foi uma jogada de Hugo Motta, presidente da Câmara, o mais incapaz desde o fim da ditadura. Houve outro presidente que disputa o título de o mais incapaz com Motta: Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou ao cargo depois de sete meses para não ser cassado por corrupção.Motta pôs em julgamento pela Câmara a decisão do Supremo certo de que Zambelli seria cassada. Errou feio. Só lhe cabia respeitar a decisão do tribunal. A Câmara manteve o mandato de Zambelli. O tribunal reagiu ordenando a Motta que desse posse ao suplente de Zambelli num prazo de 48 horas.Para não ter de admitir que errara, e nem brigar com os deputados da extrema-direita aliados de Zambelli, Motta articulou a renúncia da ex-colega no fim de semana. Quem sabe assim ela poderia preservar seus direitos políticos. Ledo ou proposital engano, segundo políticos de vários partidos e juristas de peso.A legislação é clara, diz Gustavo Sampaio, professor de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense. Ele explica:— Como a deputada está manifestando renúncia depois de uma ordem judicial determinando que num prazo de 48 horas a Mesa de Diretora da Câmara se pronuncie sobre a perda de mandato, o Supremo considera inócua a renúncia de Zambelli. Com a perda de cargo, condenação criminal transitada em julgado, ficam suspensos os direitos políticos da deputada, e ela não pode mais se candidatar.Em maio deste ano, Zambelli foi condenada à perda de mandato e a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça com ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, também condenado. Por ter cidadania italiana, ela fugiu do Brasil ao fim daquele mês alegando receio de ser presa.Em agosto, ela foi condenada a cinco anos e três meses de prisão por ter apontado uma arma para um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Está presa em Roma. O STF determinou que ela cumpra pena no Brasil. O pedido de extradição será analisado pela Justiça italiana na próxima quinta-feira.Quanto a Motta, ele presidirá a Câmara até o final de janeiro de 2027. Ou cairá antes disso por revelar-se um inepto. Todas as Colunas do Blog do Noblat no Metrópoles