Editorial: quando o debate perde o rumo

Wait 5 sec.

Foto: Arquivo AGORA NA REGIÃOA última sessão da Câmara de Mirandópolis escancarou, de forma desconfortável, um cenário que nada contribui para o avanço das pautas que realmente importam ao município. O que deveria ser um espaço de discussão técnica e responsável sobre a Taxa do Lixo — tema sensível, complexo e que impacta diretamente o bolso da população — acabou se transformando em uma verdadeira lavação de roupa suja entre os vereadores.Em vez de opiniões fundamentadas, contrapontos construtivos ou explicações claras sobre os efeitos da proposta, o plenário assistiu a uma troca de acusações pessoais, revelações de bastidores e ataques que pouco têm a ver com a gestão pública. Foi um espetáculo que desviou completamente o foco daquilo que a população espera: transparência, argumentos e maturidade política.O respeito ao mandato não se resume ao voto recebido, mas ao comportamento cotidiano diante das responsabilidades assumidas. Quando representantes se perdem em disputas internas, quando o debate se transforma em palco para vaidades e ajustes de contas, quem perde é a sociedade. Especialmente em uma pauta que exige serenidade, dados, estudo e clareza — justamente o que não houve.A sessão também deixou evidente a falta de coordenação coletiva dentro da própria Casa. Enquanto alguns vereadores defendiam mais tempo para analisar a proposta, outros denunciavam a ausência de diálogo e decisões tomadas sem comunicação. O resultado foi um ambiente turbulento, onde o processo legislativo — que exige previsibilidade, respeito aos ritos e cooperação institucional — foi atropelado por disputas pessoais que poderiam ter sido evitadas com organização e transparência.A Câmara é, por natureza, um espaço de divergências. Mas divergência não significa desordem. Existe uma linha tênue entre o debate firme e o espetáculo desnecessário, e na última sessão essa linha foi ultrapassada diversas vezes. A sessão, que deveria tratar de um projeto relevante, expôs rupturas pessoais e bastidores políticos que fogem ao interesse público.Mirandópolis precisa — e merece — um Legislativo que discuta tecnicamente, que discorde com argumentos, que apresente alternativas, que pense na cidade antes de pensar em si. O eleitor quer explicações, não acusações. Quer clareza, não confusão. Quer resultados, não brigas.Que a sessão sirva de alerta. Porque, enquanto o debate continuar preso aos bastidores, a cidade permanecerá à espera das decisões que realmente façam diferença no seu dia a dia.O post Editorial: quando o debate perde o rumo apareceu primeiro em AGORA NA REGIÃO.