A prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, nesta sexta-feira (26), no Paraguai, ganhou novos contornos com a revelação de que ele portava uma carta médica em espanhol para justificar a viagem a El Salvador. O documento, obtido pelo UOL, foi apresentado às autoridades aeroportuárias junto a um passaporte paraguaio que não correspondia à sua identidade.Segundo a apuração do portal, Silvinei se identificava como “Julio Eduardo Baez Fernandez” e carregava uma declaração pessoal na qual afirmava não conseguir falar nem ouvir, alegando uma condição médica grave. No texto, ele dizia ser portador de um glioblastoma multiforme grau IV, um tipo agressivo de câncer cerebral, e afirmava que, por essa razão, não poderia responder a perguntas orais, apenas por escrito.Carta em espanhol encontrada com Silvinei Vasques dizia que ele não falava ou ouviaImagem: Obtido pelo UOLA carta informava que a viagem de Assunção a San Salvador teria como objetivo exclusivo a realização de tratamento médico. O texto também mencionava que Silvinei teria passado por sessões de radioterapia e quimioterapia em Foz do Iguaçu, o que teria provocado lesões no crânio. Apesar disso, o documento afirmava que ele estaria “lúcido, consciente e em condições clínicas adequadas” para viajar, sem previsão de data de retorno, condicionada a exames a serem feitos em El Salvador.Além da declaração, segundo apuração do UOL, o ex-diretor da PRF levava uma prescrição médica supostamente assinada por um profissional do Paraná. A checagem do número de registro no Conselho Federal de Medicina, no entanto, indicou inconsistência conforme levantamento do portal: o CRM informado não correspondia ao nome do médico que aparece na assinatura. Leia tambémBolsonaro, Silvinei e Ramagem: tentativas de fuga marcam casos da trama golpistaSTF endurece resposta após violações de medidas e risco à aplicação da lei penalA receita incluía uma lista extensa de medicamentos, entre eles fármacos para colesterol, hipertensão, depressão, insônia e até antirretrovirais para HIV.A tentativa de uso da documentação ocorreu no contexto de descumprimento de medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Silvinei rompeu a tornozeleira eletrônica, deixou o Brasil sem autorização judicial e foi localizado no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi ao tentar embarcar. Diante dos fatos, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva do ex-diretor-geral da PRF.Condenado a 24 anos e seis meses de prisão por envolvimento na trama golpista de 2022, Silvinei integrava o núcleo operacional do grupo, segundo a Procuradoria-Geral da República. A acusação sustenta que ele usou a estrutura da PRF para interferir no processo eleitoral, especialmente no segundo turno das eleições presidenciais.The post “Não falo nem escuto”: carta médica foi usada por Silvinei ao embarcar no Paraguai appeared first on InfoMoney.