A greve nacional dos petroleiros já impôs perdas diárias estimadas em R$ 200 milhões à Petrobras (PETR4) na primeira semana de paralisação dos trabalhadores, segundo cálculos do economista Cloviomar Cararine, do Dieese. O movimento teve início na última segunda-feira (15), após ausência de acordo entre a estatal e os trabalhadores.Nos seis primeiros dias de greve, a produção registrou uma queda acumulada estimada em cerca de 300 mil barris de petróleo e gás. Somente na área de Exploração e Produção (E&P), a redução é estimada em aproximadamente US$ 18 milhões por dia, o equivalente a cerca de R$ 100 milhões diários. No segmento de refino, as perdas alcançam aproximadamente R$ 90 milhões por dia.Leia tambémCalendário econômico da semana: IPCA-15 no Brasil e PIB nos EUATudo o que o investidor precisa saber antes de operar na semanaPetrobras firma contrato com Bahiagás e avança na retomada da Fafen-BAAcordo prevê movimentar via duto 1,2 milhão de metros cúbicos ao dia (m?/di) de gás destinado à plantaSomados, os impactos em E&P e refino representam um prejuízo parcial da ordem de R$ 200 milhões diários, sem considerar os efeitos sobre áreas como Transpetro, TBG e PBio. Embora os dados oficiais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sejam divulgados com cerca de uma semana de defasagem, levantamentos preliminares do Dieese e do Sindipetro-NF, com base em informações das próprias unidades, já indicam perdas expressivas.Segundo Cararine, ao contrário do que sustenta a direção da empresa, as paralisações têm impacto direto nas receitas e evidenciam fragilidades na estratégia de contingência adotada pela gestão. Para o economista, a resposta da companhia ao movimento paredista tem sido mais prejudicial do que a própria greve. “Em quase duas décadas acompanhando a categoria, nunca presenciei uma mobilização tão rápida, coesa e expressiva diante de um chamado sindical”, afirmou.Falta de negociação empurra a greve para um cenário prolongadoPara o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Sérgio Borges, a ausência de negociação efetiva por parte da diretoria da Petrobrás é o principal fator de agravamento do conflito. Segundo ele, a atual gestão da empresa se recusa a abrir um canal real de diálogo, mesmo diante dos impactos crescentes da paralisação.“A Petrobras escolheu não negociar. Não há proposta concreta e não há disposição de diálogo. Nessas condições, a greve tende a se prolongar, além de Natal e Ano Novo, porque a categoria está unida e disposta a sustentar o movimento pelo tempo que for necessário. E, se depender da categoria, temos muito gás e energia para continuar por tempo indeterminado”, afirmou Sérgio Borges.Na avaliação do dirigente sindical, a estatal ignora os alertas feitos pelas entidades representativas e aposta no desgaste dos trabalhadores como estratégia. “A empresa prefere perder milhões por dia a sentar para negociar. Essa postura é irresponsável e empurra a greve para um cenário cada vez mais longo e mais duro”, completou.Perdas diárias expressivasO economista Cloviomar Cararine destacou o descompasso entre o custo diário da greve e o valor das reivindicações. A proposta apresentada pela Petrobras prevê um reajuste de apenas 0,5%, com impacto estimado em cerca de R$ 85 milhões ao ano. “Em um único dia de greve, a empresa perde mais do que o dobro desse valor”, observou.Segundo Cararine, o custo anual do reajuste equivale a apenas um terço do que a Petrobras deixa de faturar diariamente com a paralisação. “É um prejuízo que poderia ser completamente evitado com a abertura de uma mesa de negociação séria e efetiva”, concluiu.O economista e os dirigentes sindicais reforçam que a insistência da gestão em não negociar tende a ampliar ainda mais as perdas da companhia ao longo de dezembro.The post Petrobras perde cerca de R$ 200 milhões por dia com greve, diz economista do Dieese appeared first on InfoMoney.