Lula diz que espera acordo entre Mercosul e União Europeia em janeiro e faz alerta sobre Venezuela

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a possibilidade de que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) seja assinado em janeiro.Ele disse, na abertura da Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, que a assinatura pode ocorrer no primeiro mês da presidência paraguaia no bloco da América do Sul, que começa em janeiro.Lula também disse que a primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, indicou que a União Europeia deve assinar o acordo com o Mercosul no primeiro mês de 2026.A italiana enfrenta um embaraço político interno, com produtores agrícolas do país, e pediu um prazo maior, segundo Lula. Ele disse ainda que, se a Itália estiver pronta, a França não será capaz de impedir o acordo bilateral.O presidente brasileiro também afirmou que o Mercosul seguirá trabalhando com outros parceiros enquanto não fechar o acordo com a UE. “Diversificar parcerias é chave para a resiliência de economia”, disse na plenária da 67ª Cúpula do Mercosul.Segundo Lula, há negociações de acordos com países como Japão e Vietnã. Além disso, citou que espera fechar a negociação com o Panamá.O presidente afirmou que a negociação com a UE se desenrola há 26 anos. A reunião que ocorre em Foz do Iguaçu neste fim de semana foi marcada a pedido dos europeus, segundo o brasileiro.“Infelizmente, a Europa ainda não se decidiu. Líderes europeus pediram tempo adicional para decidir sobre acordo.”Importância do blocoO presidente disse que o bloco dá exemplo de como tentar cuidar de economia e povo.“Nesse momento que o mundo anda muito conturbado, o Mercosul dá um exemplo de como é possível a gente continuar exercendo o multilateralismo, tentando cuidar do crescimento das nossas economias e tentando cuidar da melhoria de vida do povo que representamos”.Ele ainda  ressaltou que a América do Sul tem reserva de minerais críticos e condições únicas para combustível sustentável de aviação.Falando do Brasil, disse que o país avança em ritmo acelerado na rota da integração sulamericana. “Seguimos comprometidos com um Mercosul que regula assimetrias no bloco.”Passagem de bastãoA reunião deste sábado (20) marca o fim da presidência temporária brasileira do bloco, que passará para o Paraguai.“Eu espero que tenhamos seis meses de uma boa colheita, de bons frutos e de bons acordos internacionais. Posso dizer a vocês que o mundo está ávido a fazer acordo com o Mercosul. E nós, certamente, vamos conseguir nesse período fazer os acordos que não foram possíveis realizar na minha presidência”, disse Lula.O presidente do Paraguai, Santiago Peña, por sua vez, manifestou sua frustração com a não assinatura do acordo entre o Mercosul e a UE.“Estávamos como o noivo esperando a noiva no altar”, lamentou. “Perdemos uma oportunidade.”Alerta sobre VenezuelaA intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o Hemisfério Sul, disse o presidente. “A ameaça de soberania se apresenta hoje, sob guerra, antidemocracia e crime organizado”, afirmou.Na terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou um “bloqueio” de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela, na mais recente medida de Washington para aumentar a pressão sobre o governo de Nicolas Maduro, visando sua principal fonte de renda.Lula e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum já haviam pedido moderação nesta semana, com a escalada das tensões.Em seu discurso neste sábado, Lula fez uma declaração mais forte contra o que, segundo ele, seria um “precedente perigoso para o mundo”.Ele acrescentou que “o continente sul-americano é mais uma vez assombrado pela presença militar de uma potência extra-regional”.* Com informações de Estadão Conteúdo e Reuters