O Brasil afirmou, nesta terça-feira (23), que a mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe e o bloqueio naval imposto contra a Venezuela são violações da Carta das Nações Unidas e devem ser interrompidos.A manifestação da posição brasileira foi feita pelo embaixador brasileiro na ONU, Sérgio Danese, durante a reunião do Conselho de Segurança convocada a pedido de Caracas.“A força militar reunida e mantida pelos Estados Unidos nas proximidades da Venezuela e o bloqueio naval recentemente anunciado constituem violações da Carta das Nações Unidas. Portanto, devem cessar imediata e incondicionalmente em favor da utilização dos instrumentos políticos e jurídicos amplamente disponíveis”, declarou o diplomata. Leia mais: Venda de petróleo permite que Maduro reivindique o poder, dizem EUA na ONU Rússia manifestou aos EUA preocupação por escalada com a Venezuela Venezuela aprova lei contra pirataria em meio a apreensões de petroleiros “O Brasil convida ambos os países a um diálogo genuíno, conduzido de boa-fé e sem coerção. Como o presidente Lula já declarou publicamente, seu governo estará preparado para colaborar, se necessário e com o consentimento mútuo dos Estados Unidos e da Venezuela. O Brasil também estará preparado para apoiar quaisquer esforços do secretário-geral nessa mesma direção”, completou.Embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese, discursa em reunião do Conselho de Segurança sobre Venezuela, em 23 de dezembro de 2025. • ReproduçãoDurante o pronunciamento, o embaixador também pontuou que o Brasil defende a carta da ONU, o multilateralismo e a solução pacífica de controvérsias.Análise: Comunidade internacional não tem força para impedir EUA contra Venezuela | CNN PRIME TIME“Medidas coercitivas unilaterais não têm fundamento na Carta das Nações Unidas e, muito menos, podem ser implementadas por meio do uso ou da ameaça da força”, disse Danese.“Soluções baseadas na força são totalmente contrárias às melhores tradições e ao firme, universal e irreversível compromisso com a paz assumido pela América Latina e pelo Caribe. Somos, e desejamos permanecer, uma região de paz, respeitosa do direito internacional e das boas relações entre os países vizinhos”, acrescentou.A reunião do Conselho de Segurança foi convocada emergencialmente a pedido da Venezuela em meio à escalada de tensões com Washington.Durante a reunião, o embaixador americano Mike Waltz disse que os EUA vão impor e aplicar sanções com o máximo rigor para privar o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, de recursos.“A capacidade de Maduro de vender o petróleo da Venezuela permite sua reivindicação fraudulenta do poder e suas atividades narcoterroristas”, disse o embaixador dos EUA na ONU.Há quase quatro meses, Washington mantém uma presença militar significativa no Caribe, grande parte dela ao largo da costa venezuelana, supostamente para combater o narcotráfico — uma alegação que a Venezuela denunciou como uma tentativa velada de promover uma mudança de regime em Caracas.Na terça-feira (16), o presidente dos EUA, Donald Trump, disse ter ordenado um bloqueio total a todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela, intensificando uma campanha de pressão que já dura meses contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.Em meio a constantes ataques com barcos, Trump também afirmou repetidamente nas últimas semanas que as forças armadas dos EUA iniciariam ataques terrestres contra traficantes de drogas no país caribenho “muito em breve”.Em outro desenvolvimento, a Rússia instou na quinta-feira (18) o governo dos EUA a não cometer um “erro fatal” em relação à Venezuela, alertando para consequências imprevisíveis para o Ocidente.Quem é Nicolás Maduro, ditador da Venezuela