O uso indevido de produtos cosméticos com finalidade injetável tem chamado a atenção de autoridades sanitárias no Brasil. Em 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a interdição cautelar de lotes de cosméticos da marca Cosmobeauty após registros de reações adversas graves associados à aplicação incorreta, reacendendo o debate sobre os limites entre cosméticos, medicamentos e produtos para saúde em procedimentos estéticos.O que são produtos injetáveis para estética e por que exigem mais controle?Produtos aplicados por via injetável entram diretamente no organismo, o que aumenta o risco de reações adversas quando não são desenvolvidos e testados para esse tipo de uso, exigindo controles muito mais rigorosos.Substâncias destinadas à injeção, inclusive em tratamentos estéticos como intradermoterapia ou preenchimentos, precisam ser classificadas como medicamentos ou produtos para saúde, nunca como cosméticos. Assim, itens como ácido hialurônico injetável devem ser registrados na Anvisa com dossiês de eficácia, segurança e rastreabilidade compatíveis com sua aplicação.Como ocorre o uso irregular de produtos injetáveis com finalidade estética?O uso irregular de produtos injetáveis com finalidade estética costuma aparecer em dois movimentos principais: o emprego de cosméticos como se fossem injetáveis e a divulgação inadequada por parte de fabricantes ou distribuidores. No caso dos produtos da Cosmobeauty, a Anvisa identificou a promoção de itens para aplicação injetável, embora estivessem apenas notificados como cosméticos.Problemas semelhantes já foram registrados com empresas ligadas a técnicas como intradermoterapia pressurizada. Em 2022, resoluções da Anvisa determinaram proibições de comercialização, fabricação, propaganda, uso e, em alguns casos, recolhimento de lotes, e esses episódios vêm sendo acompanhados pela Vigilância Sanitária e pela Polícia Civil para apurar responsabilidades.Como identificar se um produto está regularizado para o tipo de uso pretendido?Uma das formas mais diretas de evitar o uso irregular de injetáveis na estética é a verificação cuidadosa da rotulagem. Produtos cosméticos exibem no rótulo o número de processo de regularização na Anvisa e o número da Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE), o que permite checagem no sistema oficial e diferenciação em relação a medicamentos ou produtos para saúde.Para orientar profissionais e consumidores, alguns pontos importantes merecem atenção ao analisar a embalagem e cruzar os dados com o portal da Agência:Número do processo de regularização de produtos cosméticos, no formato 25351.XXXXXX/XXXX-XX.Número da AFE da empresa, geralmente iniciado por 2 ou 4, no padrão 2.XXXXX-X ou 4.XXXXX-X.Presença da expressão “Uso Externo”, indicando que o produto não foi desenvolvido para injeção em nenhuma parte do corpo.Quais cuidados profissionais e de consumidores ajudam a evitar reações adversas?Profissionais de saúde envolvidos com procedimentos estéticos, como médicos, enfermeiros e outros habilitados conforme a legislação, devem observar com atenção a procedência de produtos injetáveis. É fundamental confirmar a categoria regulatória, o modo de uso autorizado e registrar eventuais eventos adversos em sistemas de farmacovigilância e tecnovigilância.Para consumidores, recomenda-se adotar atitudes preventivas antes de qualquer intervenção estética. Pedir para ver a embalagem, verificar se há indicação de “Uso Externo”, consultar a regularidade no portal da Anvisa e priorizar locais e profissionais que sigam protocolos sanitários ajudam a reduzir riscos e a evitar procedimentos realizados com substâncias inadequadas ou irregulares.Qual é o cenário atual e por que a fiscalização sanitária é importante?Desde os episódios de 2022 e 2023 envolvendo diferentes empresas, a fiscalização sobre o uso irregular de produtos injetáveis em procedimentos estéticos ganhou mais atenção. Em 2025, o tema segue relevante, impulsionado pela expansão do mercado de beleza minimamente invasiva e pela disseminação de cursos e técnicas em redes sociais, muitas vezes sem embasamento científico adequado.A atuação conjunta de Anvisa, vigilâncias sanitárias locais e forças de segurança inclui interdições, recolhimentos, ações educativas e disponibilização de sistemas públicos de consulta. Ao reforçar a diferença entre cosméticos de uso externo e produtos injetáveis regularizados, as autoridades buscam prevenir eventos adversos graves, deixando claro que a informação correta é uma das principais ferramentas de proteção à saúde.O post Anvisa interdita cosméticos usados irregularmente como injetáveis por gerar reações adversas graves apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.