Exército dobra investimento com nova lei e reformula projetos estratégicos

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Após a entrada em vigência da lei complementar que deixa até R$ 30 bilhões fora do arcabouço fiscal para investimentos em defesa, o Exército Brasileiro espera dobrar seus aportes na modernização da força e está reorganizando sua carteira de projetos estratégicos.A expectativa do Exército é passar de um orçamento que tem oscilado de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão por ano, no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para um volume anual de R$ 3 bilhões no período 2026-2031.Esse ciclo de seis anos é visto pela cúpula da força terrestre como uma “janela de oportunidade” para tirar o atraso ou acelerar a implantação de programas como o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), considerado fundamental para o combate ao narcotráfico e ao contrabando. Leia Mais Réveillon do Rio de Janeiro pode injetar R$ 3 bilhões na economia da cidade Programa Eco Invest Brasil encerra 2025 com R$ 14 bilhões em financiamentos Ouro caminha para melhor ano desde 1979; entenda o que puxa alta histórica Apenas duas das nove fases do Sisfron — uma em Dourados (MS) e outra na fronteira amazônica — foram efetivamente colocadas em prática até agora.O prazo original de entrega do novo sistema era 2021, mas já foi adiado diversas vezes. Hoje, diante da escassez de recursos, a previsão é estar plenamente operacional apenas em 2039.O Sisfron gera um fluxo contínuo de dados por meio de radares, sensores térmicos e óticos, aeronaves remotamente pilotadas, sensores eletromagnéticos, simuladores e segurança cibernética.Com os recursos adicionais, o Exército pretende dar novo fôlego à implantação de mais três fases em faixas de fronteira: uma na área de responsabilidade da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (fronteira em Roraima), outra nas regiões da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada e da 18ª Brigada de Infantaria do Pantanal (em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), a terceira na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (Paraná e Santa Catarina).CentauroO projeto de modernização de blindados também deve se beneficiar. Depois da incorporação de dois protótipos, neste ano, o Exército vai receber mais 96 veículos Centauro II-BR até 2033.O contrato com o consórcio Iveco-OTO Melara, no valor total de R$ 5 bilhões, deve ser assinado entre fevereiro (previsão mais otimista) e maio (estimativa conservadora).Ele abrange não só os blindados em si, mas o offset (compensação tecnológica) e o serviço de logística integrada.Equipados com canhões de 120 mm, os veículos Centauro têm tração 8×8 e 720 cavalos de potência. Sua blindagem é capaz de lidar com ameaças como minas terrestres, explosivos improvisados e munições cinéticas de alta pressão.De acordo com informação publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 12 desses blindados — os mais poderosos do gênero na América do Sul — serão posicionados em Roraima, perto da fronteira com a Venezuela.A inflação no Brasil em 2025: Veja o que ficou mais barato e mais caro | FECHAMENTO DE MERCADOReorganizaçãoEnquanto isso, haverá uma reorganização geral dos programas estratégicos do Exército, com parte deles sendo fundidos ou reclassificados.Uma das principais mudanças contempla o programa Astros, que tem como objetivo dotar a força terrestre com um sistema de foguetes de artilharia de longo alcance e elevada precisão.Esse projeto perdeu tração, nos últimos anos, diante da situação da Avibras. Com sede em Jacareí (SP), a empresa está em recuperação judicial e vinha desenvolvendo um míssil tático de cruzeiro, capaz de atingir um alvo a 300 quilômetros de distância com erro de no máximo nove metros. Para prosseguir, depende de uma solução para o caso Avibras.Mesmo assim, o Astros será ampliado e rebatizado de Fogos, passando a ter três verticais debaixo de um único guarda-chuva.O novo Fogos abrangerá o antigo Astros, sistemas de artilharia de campanha e uma nova defesa antiaérea.Uma encomenda no valor de até R$ 3,4 bilhões deve ser fechada ainda em 2026 para um novo sistema de defesa antiaérea que permitirá à força terrestre incorporar tecnologia inédita na América Latina para a interceptação de drones e mísseis de cruzeiro inimigos.Outros programas também serão redesenhados. O Lucerna (voltado à inteligência militar) e o OCOP (obtenção de capacidade operacional plena) deixarão de receber o carimbo de estratégicos e passarão a ser setoriais.Não se trata de um rebaixamento, garantem fontes do Exército, que preferem acentuar a diferença entre as duas classificações.Os projetos estratégicos buscam a incorporação de novas capacidades pela força terrestre. Já os projetos setoriais têm menos agregação de tecnologia inovadora e se baseiam em modernizações correntes.Um efeito colateral, no entanto, é que os projetos setoriais deixam de fazer parte do PAC e ficam dependentes do orçamento discricionário do próprio Exército.Os programas Amazônia Protegida (de melhorias da infraestrutura militar na região amazônica) e Sentinela da Pátria (de novas infraestruturas em todo o território nacional) serão juntados debaixo do mesmo guarda-chuva.O programa de Defesa Cibernética vai ser ampliado e passará a cobrir também iniciativas relacionadas à inteligência artificial.O programa de Aviação do Exército, que contempla a compra de 12 helicópteros americanos Black Hawk (entre outras aquisições), permanece da mesma forma.Fim da escala 6×1: texto aprovado limita jornada em 36 horas; entenda