Odebrecht fecha contratos bilionários e tem melhor ano desde Lava Jato

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Depois de ter cortado suas dívidas, em um delicado processo de reestruturação financeira, a Odebrecht Engenharia & Construção acaba de dar passos decisivos para a retomada plena de seus negócios na era pós-Lava Jato.Em 2025, a empreiteira conquistou – ou deixou encaminhados – seus maiores contratos para obras de infraestrutura nos últimos dez anos, desde que esteve no centro de um dos maiores escândalos da história do país.A Odebrecht foi escolhida pelo grupo Motiva (ex-CCR) para tocar a extensão – com mais 4,3 quilômetros e duas novas estações – da Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo. Leia Mais Exército dobra investimento com nova lei e reformula projetos estratégicos Leilões de infraestrutura em 2026 somam investimentos de R$ 265 bilhões Temos 10 a 12 interessados em leilão de terminal em Santos, diz ministro O contrato com a Motiva deve chegar a R$ 4,5 bilhões. A Odebrecht atuará em parceria com a Yellow River, subsidiária do grupo chinês Power China.Em outra frente, fez a melhor proposta financeira para a construção de dois dos três lotes da futura Linha 19-Celeste, em um trecho que soma dez estações e 11 quilômetros de túneis.O Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo), que tocará esse projeto como obra estatal, pretendia anunciar a conclusão da concorrência no dia 8 de dezembro, mas adiou o prazo.Na Linha 19-Celeste, a construtora tem 35% e lidera um consórcio formado pela Álya (antiga Queiroz Galvão) e pela italiana Ghella. O grupo desbancou ofertas de rivais como Andrade Gutierrez, Agis, Yellow River e Acciona.Se confirmados, nas próximas semanas, o valor total dos contratos na nova Linha 19-Celeste atinge R$ 13,6 bilhões. As obras devem começar em 2027.BacklogCom a família Odebrecht afastada do dia a dia das operações, a empreiteira está aumentando seu backlog em R$ 14 bilhões neste ano.Backlog é um dos indicadores mais importantes no segmento de construção pesada. Significa o valor dos contratos em execução, ou seja, sinaliza o fluxo de caixa que ainda deve entrar na empreiteira.O backlog da Odebrecht saiu de um patamar de R$ 35 bilhões em 2014, no auge das grandes construtoras brasileiras, para R$ 18 bilhões em 2015, quando começaram a ser sentidos os primeiros efeitos da Lava Jato.Negociamos mais seis estações na Linha 6-Laranja, diz CEO da Acciona | Money NewsNos anos seguintes, entretanto, o portfólio de projetos despencou. Em alguns anos, o volume de contratos adicionados ao backlog foi inferior a R$ 1 bilhão.Com isso, o número global de empregados da Odebrecht caiu de 75 mil para 17 mil entre 2015 e 2024. A Odebrecht vendeu concessões em aeroportos e rodovias, diminuiu suas atividades em países vizinhos e precisou cuidar de suas dívidas.De acordo com o último relatório anual da empresa, cerca de 70% de suas receitas vieram do exterior em 2024, principalmente por obras em Angola.Um intrincado processo de reestruturação financeira foi concluído, reduzindo suas dívidas totais de US$ 4 bilhões para US$ 120 milhões.Outro projeto cujo resultado deve ser confirmado nas próximas semanas é o do complexo viário Roberto Marinho e o do parque linear ao longo do córrego Água Espraiada.O empreendimento, licitado pela prefeitura de São Paulo, recebeu ofertas de várias empresas. O consórcio formado por Odebrecht e Álya apresentou a melhor proposta: R$ 1,8 bilhão.No Brasil, a Odebrecht continuou tocando algumas obras importantes, como:O desenvolvimento das obras civis do Prosub (programa de submarinos) da Marinha;Rodoanel Norte de São Paulo, contratada pela concessionária Via Appia;Ponte Guaratuba, contratada pelo governo do Paraná;Unidade de Hidrotratamento de Nafta da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras;Obras da PR Vias, concessionária responsável pelo Lote 3 das Rodovias do Paraná, controlada pela Motiva.Na avaliação interna da Odebrecht, porém, faltava um projeto simbólico para marcar a retomada. Algo como a usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), ou a reforma do aeroporto internacional do Galeão (RJ), na década passada.A empreiteira sonhava com a PPP (parceria público-privada) do túnel imerso Santos-Guarujá para isso. Na última hora, queixando-se da falta de financiamento por bancos públicos, acabou desistindo do leilão.No mercado, comenta-se que ela pode acabar sendo subcontratada pelo grupo português Mota-Engil, que ganhou a concorrência em setembro.Os contratos da Linha 19-Celeste, por suas dimensões e mobilização de canteiros em pleno território urbano, têm essas características para a empresa.Por isso, seus executivos chamam esse movimento de “volta aos trilhos”, numa referência ao histórico da Odebrecht no setor.É uma área de forte simbolismo para a construtora, que já construiu 263 quilômetros de metrôs, no Brasil e no exterior – incluindo linhas em Lisboa, Caracas, Miami e Cidade do Panamá.Em 2025, a Odebrecht já havia garantido participação em consórcios que executam as obras de ampliação da Linha 1 do metrô de Salvador e a conclusão da estação Gávea na Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro.CNT: Das 10 melhores rodovias do país, 9 são da iniciativa privada