Peegasm: segurar o xixi por prazer pode custar caro à saúde

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Uma prática curiosa — e nada inofensiva — tem chamado atenção nas redes sociais: o peegasm. O termo, uma fusão de “pee” (urinar) e “orgasm” (orgasmo), descreve a sensação de prazer intenso que algumas pessoas, especialmente com vulva, dizem sentir ao segurar a urina por muito tempo e, só depois, finalmente liberar o jato no banheiro. Aparentemente inusitado, o fenômeno tem explicação fisiológica, mas também consequências graves para a saúde. Leia também Pouca vergonha Expert revela exercícios de massagem tântrica para chegar ao orgasmo Pouca vergonha Você sabe qual a diferença entre orgasmo, gozo e ejaculação? Entenda Pouca vergonha Prazer garantido: sexóloga lista melhores posições para ter um orgasmo Pouca vergonha Descubra quais atitudes impedem sua parceira de chegar ao orgasmo “A bexiga cheia pode estimular a parte neural da região do assoalho pélvico, que está muito próxima do clítoris e da uretra. Isso pode gerar uma sensação prazerosa”, explica Francielly Paiva, especialista em reabilitação do assoalho pélvico.Clique aqui para seguir o canal do Metrópoles Vida&Estilo no WhatsAppPeegasm: prazer que vem com um preço altoA sensação descrita como semelhante a um orgasmo, não é fruto da imaginação. Segundo o urologista João Ricardo Alves, o que acontece é uma sobrecarga dos nervos pélvicos, responsáveis tanto pela micção quanto pela resposta sexual.“Quando a bexiga está muito cheia, ela pressiona terminações nervosas da região pélvica. Esses nervos fazem parte do mesmo circuito neurológico envolvido no prazer sexual. Quando a pessoa urina, há um alívio intenso que o cérebro pode interpretar como prazer”, detalha o médico.Só que esse prazer vem com um custo. Segundo os especialistas, reter urina de forma proposital e repetida pode trazer sérias consequências, que vão além de um simples desconforto momentâneo.“Essa prática pode causar infecções urinárias, dor pélvica, inflamações crônicas, distensão da bexiga e até comprometer o esvaziamento completo da urina”, alerta João Ricardo.5 imagensFechar modal.1 de 5O sexo é um dos pilares para uma vida saudável, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)PeopleImages/Getty Images2 de 5Uma vida sexual ativa e saudável tem impacto direto no bem-estarYana Iskayeva/Getty Images3 de 5O prazer e o orgasmo liberam hormônios responsáveis pela diminuição do estresse e pela melhora do sonoGetty Images4 de 5É possível manter a sexualidade ativa e saudável até a terceira idadefiladendron/Getty Images5 de 5No sexo, tudo é liberado desde que com total consentimento de todos os envolvidos e segurançaSouth_agency/Getty ImagesUm risco silencioso para o assoalho pélvicoO problema do peegasm não para por aí. De acordo com Francielly Paiva, o hábito de segurar o xixi sobrecarrega o assoalho pélvico — grupo de músculos essenciais para o controle da bexiga e dos órgãos reprodutivos.“Com o tempo, a bexiga vai se distendendo e acumulando mais urina do que deveria. Isso gera uma pressão contínua sobre a musculatura pélvica, favorecendo quadros de incontinência urinária”, explica a fisioterapeuta.Para ela, o caminho é investir em hábitos mais saudáveis: urinar com regularidade, evitar reter por longos períodos e praticar exercícios específicos para fortalecer o assoalho pélvico.Com o hábito de postergar a micção, a bexiga cada vez mais vai acumulando mais urina, e com isso vai gerando sobrecarga na região do assoalho pélvicoSensação não é orgasmo — e não tem os mesmos benefíciosApesar da semelhança com o prazer sexual, os especialistas reforçam que o peegasm não é um tipo de orgasmo. A resposta fisiológica é bem diferente, e os efeitos no corpo, também.“O orgasmo verdadeiro envolve contrações musculares rítmicas e liberação de hormônios como oxitocina e endorfina. No peegasm, o que ocorre é apenas uma estimulação nervosa indireta — sem os mesmos benefícios fisiológicos e com riscos consideráveis”, explica João Ricardo Alves.O peegasm oferece riscos à saúde que vão desde infecções urinárias de repetição até uma musculatura pélvica deficiente que pode afetar a sexualidadeO corpo dá sinais: é preciso ouvirA vontade de urinar não é algo para ser ignorado ou controlado por prazer. É um aviso do corpo de que algo precisa ser eliminado. Postergar esse processo por busca de excitação pode parecer inofensivo, mas é um jogo perigoso.“Precisamos desmistificar a ideia de que sentir prazer com isso é algo inofensivo. A orientação é clara: responda ao chamado do corpo e preserve sua saúde urinária”, conclui Francielly Paiva.