Uma agente federal atirou em uma mulher depois que ela bateu um carro contra um veículo das forças de segurança em Chicago no sábado (4), segundo uma denúncia formal apresentada à Justiça dos EUA.O episódio ocorreu em meio ao aumento dos protestos contra o ICE (agência de imigração dos EUA) e aos esforços do governo Trump para conter a agitação em cidades governadas por democratas.De acordo com a denúncia, um agente da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) saiu do carro e disparou cinco vezes contra a mulher após ela colidir seu veículo com o automóvel das forças federais.O Departamento de Segurança Interna (DHS) informou que a mulher, que é cidadã norte-americana, está sob custódia do FBI depois de ter recebido alta hospitalar.Ela e outra pessoa agora enfrentam acusações criminais federais ligadas ao incidente.A mulher, junto com os motoristas de pelo menos outros dez veículos, teria cercado e bloqueado agentes, segundo a secretária-assistente do DHS, Tricia McLaughlin, em uma publicação no X (antigo Twitter).Ela descreveu os disparos como “defensivos” e afirmou que a mulher estava armada “com uma arma semiautomática”, embora a denúncia formal não mencione que ela portava ou utilizou uma arma. Leia mais “Greta foi a que mais sofreu humilhação”, diz deportado de flotilha em Gaza Alemanha acusa Rússia de conduzir incursão de drones em aeroporto Secretário de Trump diz que "tem autorização" para ataques no Mar do Caribe “Os agentes não conseguiram mover seus veículos e saíram dos carros. Um dos motoristas que colidiu com o veículo da polícia estava armado com uma arma semiautomática”, escreveu McLaughlin.“As forças de segurança foram obrigadas a sacar suas armas e disparar tiros defensivos contra uma cidadã armada que dirigiu até o hospital para receber atendimento pelos ferimentos.”A mulher foi identificada como Marimar Martinez pelo DHS, que confirmou que ela está sob custódia do FBI após ter alta.Segundo McLaughlin, Martinez havia sido mencionada recentemente em um boletim de inteligência por “divulgar dados pessoais de agentes e postá-los online”.Outro envolvido, Anthony Ian Santos Ruiz, também está sob custódia e teria participado da colisão, informou o DHS. Ainda não está claro se Martinez ou Ruiz foram formalmente acusados ou se contam com advogados.Um porta-voz do hospital Mount Sinai, em Chicago, confirmou à CNN que a mulher envolvida no tiroteio com agentes federais foi atendida e liberada.Imagens da Reuters mostraram que as forças de segurança lançaram bombas de gás contra os manifestantes.O vídeo exibe pessoas gritando, correndo e tentando se proteger. “Isto é Brighton Park, não uma zona de guerra”, disse uma mulher a um jornalista.Nenhum policial ficou gravemente ferido, segundo McLaughlin, que acusou a polícia local de ter deixado o local do incidente.“O Departamento de Polícia de Chicago, sob o comando de Pritzker, está deixando a cena do tiroteio e se recusa a nos ajudar a proteger a área”, afirmou.“Há uma multidão crescente e estamos enviando operações especiais para controlar a situação.”A polícia de Chicago, por sua vez, declarou que “respondeu ao local para documentar o incidente” e “garantir a segurança e o controle do tráfego” na área, mas que não participa da investigação. A CNN entrou em contato com o governador de Illinois, JB Pritzker, para comentar o caso.Semanas de protestosO episódio ocorreu após uma série de manifestações em Chicago motivadas por uma grande operação de imigração, batizada de “Operação Midway Blitz” pelo DHS.Os protestos se concentram nas imediações do centro de detenção de imigração em Broadview, nos arredores da cidade.A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, chegou a passar parte da sexta-feira no telhado do local, cercada por agentes armados e uma equipe de filmagem, segundo a afiliada da CNN, WLS.A operação incluiu uma ampla batida noturna em um prédio residencial de Chicago no início da semana, conduzida por autoridades federais, o que gerou críticas de parlamentares democratas e pânico entre moradores.Um vizinho descreveu a ação como uma “invasão” de estilo militar, relatando ter visto um helicóptero Black Hawk sobrevoando o local.Durante a operação, adultos e crianças foram retirados de seus apartamentos, chorando e gritando.A ação resultou na prisão de 37 imigrantes sem documentação, além de cidadãos norte-americanos. Pais imigrantes foram separados de seus filhos nascidos nos EUA, que ficaram sob custódia do DHS.Com o aumento dos protestos contra a ofensiva migratória, as forças de segurança passaram a usar força física e gás lacrimogêneo contra manifestantes, inclusive políticos.Trump ordena envio da Guarda NacionalNo sábado (4), a Casa Branca anunciou que o presidente havia autorizado o envio de 300 membros da Guarda Nacional de Illinois para “proteger agentes e instalações federais” em Chicago, uma medida que Donald Trump vinha prometendo há semanas.“Diante de motins violentos e da falta de ação de líderes locais como Pritzker, o presidente Trump autorizou o envio de 300 guardas nacionais para proteger agentes e propriedades federais”, disse a porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson.“O presidente não vai fechar os olhos para a anarquia que assola as cidades americanas.”O senador democrata Dick Durbin, vice-líder da bancada no Senado e membro da Comissão Judiciária, criticou duramente a decisão: “Apavorar famílias com batidas noturnas e tropas nas ruas é escrever um capítulo vergonhoso da nossa história nacional”, afirmou.“Este presidente não quer combater o crime — ele quer espalhar o medo.”Trump já havia adotado a mesma estratégia em Los Angeles e Washington, D.C., e agora promete repeti-la em outras cidades governadas por democratas — com ou sem o consentimento de seus líderes locais.Antes dos protestos anti-ICE em Los Angeles, fazia mais de meio século que um presidente não federalizava a Guarda Nacional contra a vontade de um governador.O governador JB Pritzker afirmou que não vai convocar a Guarda Nacional e criticou as operações de imigração federais na cidade, dizendo que elas “espalham medo em vez de oferecer segurança”.O FBI afirmou que continuará, junto com parceiros federais, a “processar e investigar agressivamente atos de violência contra agentes, obstrução da justiça e destruição de propriedade federal”.