Quando estiver na rua, olhe ao seu redor. A maioria das lojas no seu caminho seguramente será de pequenos negócios. Embora pequenos no nome, são eles que sustentam a base da economia brasileira. Representam 97% do total de empresas do país e a renda que geram beneficia direta ou indiretamente mais de 96 milhões de pessoas. Esse número, revelado pela segunda edição do Atlas dos Pequenos Negócios, que o Sebrae divulgou no último dia 24, representa muito mais do que a população de três das cinco regiões brasileiras (Norte, Sul e Centro Oeste). Os 13 estados dessas regiões e o Distrito Federal somam cerca de 63 milhões de pessoas.A comparação é apenas um exemplo da relevância dos pequenos negócios na vida dos brasileiros, o que é reforçada por outros indicadores. A cada 10 empregos formais criados no Brasil, as micro e pequenas empresas (MPEs) são responsáveis por 8. Em agosto, por exemplo, 147,3 mil empregos foram gerados no país e as MPEs responderam por mais de 124 mil desse total (84,5%).Raquel Pacheco (à esquerda), com parte da equipe de funcionários do restaurante Casa de Vó | Foto: Arquivo pessoalA força dos pequenos negócios para fazer a economia girar vem de gente como Raquel Pacheco. Quem hoje vê o movimento em seu restaurante, Casa de Vó Comida e Afeto, na Vila Planalto, em Brasília (DF), não imagina os desafios que Raquel precisou enfrentar logo após inaugurar a microempresa.A Casa de Vó abriu em dezembro de 2019 e logo precisou direcionar o trabalho para delivery devido ao isolamento exigido na época. “Foi um período muito difícil e desafiador. Pensei em fechar várias vezes, mas, graças à ajuda de familiares e amigos, a gente conseguiu resistir”, conta Raquel. Uma ajuda adicional foram os aprendizados que já havia tido com o programa ALI, do Sebrae. “A consultora Karyna Farias foi excelente. Por três meses, me ajudou a identificar os pontos fracos e quais as medidas para a gente melhorar no restaurante.”Hoje, o restaurante tem oito funcionários registrados, incluindo duas mulheres que lá tiveram a oportunidade do primeiro emprego formal. Raquel diz que na hora de contratar dá preferência para pessoas que moram na Vila Planalto. “Primeiro, para a qualidade de vida da equipe, pois não precisa passar horas dentro do ônibus. E, segundo, para fomentar e economia no bairro”, destaca.Ter experiência prévia não é determinante para conseguir um emprego lá. “Aqui fazemos os treinamentos e ensinamos a pessoa a trabalhar na área em que foi contratada. Eu prefiro ter uma pessoa na equipe que tenha os mesmos pensamentos e valores que a empresa, do que uma pessoa com experiência que não se encaixa com o restante da equipe.”Joana Peixoto (à direita) se formalizou inicialmente como MEI; hoje tem uma microempresa com a irmã Sofia | Foto: Arquivo pessoalJoana Peixoto, da Macaron Nube Confeitaria, em Brasília (DF), tem a mesma leitura. “A última contratação que a gente fez foi em setembro. A gente não tem problema se a pessoa não tiver experiência. Na verdade, às vezes a gente até prefere procurar pessoas que estão mais cruas, que não têm muitos vícios de trabalho anterior, para treinar do jeito que a gente acredita que seja o melhor para a nossa empresa”, afirma.A Nube abriu a primeira loja em 2018. Antes, Joana fazia de casa produtos como macarons, o carro-chefe da marca, como MEI (Microempreendedor Individual). “Inclusive o Sebrae me ajudou a abrir meu MEI na época”, relata. A satisfação dos clientes se refletiu no negócio: sete anos depois, a Nube é uma microempresa, que Joana tem em sociedade com uma irmã, Sofia. São duas lojas – a confeitaria e o Café Nube – com um total de oito funcionárias. Metade trabalha na cozinha e a outra, no atendimento. “A maioria das nossas funcionárias não tem nem 30 anos de idade. A gente dá preferência para contratar mulheres e que morem no Distrito Federal”, comenta.Empreendedorismo por oportunidadeNeste domingo (5) é celebrado o Dia Nacional da Micro e Pequena EmpresaA principal pesquisa de empreendedorismo do mundo, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), aponta que o Brasil registrou, em 2024, o maior índice de empreendedorismo dos últimos 5 anos. O número de empreendedores cresceu puxado pelas mulheres e pelas pessoas com 55 anos ou mais. Outro destaque: a maioria dos empreendedores se motivou por oportunidade, e não por necessidade. “Esse dado mostra que o nosso povo não está apenas reagindo a dificuldades, mas escolhendo o caminho do protagonismo e da inovação”, afirma o presidente do Sebrae, Décio Lima.Ele diz que o Sebrae atua para enfrentar as barreiras históricas que travam o crescimento das MPEs, como o acesso ao crédito. “O mercado de crédito para donos de pequenos negócios vive hoje seu momento mais promissor desde 2020. Essa melhora é fruto da atuação estratégica do Sebrae, por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). Em 2024, realizamos um aporte de R$ 2 bilhões no Fampe, que vai possibilitar a concessão de R$ 30 bilhões em crédito para os pequenos negócios nos próximos anos”, afirma Décio.“O Sebrae se orgulha de trabalhar para fortalecer os pequenos negócios, atuando para acesso ao crédito, capacitações e ampliação de mercados. Apoiar o micro e pequeno empreendedor é apoiar a prosperidade das famílias e o desenvolvimento de toda a economia brasileira”Décio Lima, presidente do SebraeCompre do PequenoNeste domingo (5), é celebrado o Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa. Em comemoração à data, o Sebrae promove a campanha Compre do Pequeno, para valorizar o papel que esses empreendedores, que representam 97% das empresas do país, desempenham nas vidas das pessoas e de suas localidades. Ao decidir comprar em um pequeno negócio, o consumidor contribui para colocar o dinheiro em circulação dentro de própria comunidade, gerar mais empregos e desenvolver a economia local.