Nos últimos dias, diversos casos de intoxicação por metanol viralizaram na mídia após ser constatado que bebidas destiladas de bares e casas noturnas foram adulteradas. No estado de São Paulo, por exemplo, já houve casos de morte, internação grave e perda de visão após o consumo de drinks com whisky e gin acrescidos de metanol.A repercussão dos casos influenciou o Governo Federal a buscar a importação do medicamento Fomepizol, utilizado como antídoto nesses envenenamentos. O remédio não está disponível para venda no mercado nacional. Então, por conta da urgência em obtê-lo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entrou em contato com autoridades internacionais para trazê-lo ao país. A seguir, saiba tudo sobre o Fomepizol. O que é o Fomepizol?Seringa com medicamento para ser aplicado – Imagem: Billion Photos/ShutterstockO Fomepizol é um medicamento eficaz para casos de intoxicação por metanol e etilenoglicol, constando na lista de remédios essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, é aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, um tipo de Anvisa nos Estados Unidos) desde 1997. Entretanto, não é registrado no Brasil. O medicamento não está disponível na maioria dos países, sendo considerado uma “droga órfã”, ou seja, tem fabricação limitada e é difícil de ser acessada. Apesar disso, a Anvisa já recebeu a resposta de dois produtores no Japão, os quais afirmaram ter o remédio e poder fazer a entrega rápida. Como o medicamento funciona no corpo humano?O Fomepizol é um medicamento que tem como ação inibir a enzima ADH (álcool desidrogenase), a qual realiza a metabolização do metanol no fígado e no estômago. Laboratório – Imagem: Gorodenkoff/ShutterstockO problema dessa metabolização é que, a partir do momento em que o metanol é quebrado no corpo, ele se transforma em formaldeído e depois em ácido fórmico, substâncias muito tóxicas para os humanos e que podem prejudicar o funcionamento das células, gerando vômito, náuseas e podendo levar até a cegueira e morte. O fomepizol evita justamente que essa quebra aconteça, pois bloqueia a ação da enzima, não permitindo que ela aja no corpo humano. Um ponto importante a ser destacado é que o metanol possui uma meia-vida de até 71 horas. Porém, caso o antídoto impeça a ação da enzima, a substância é descartada completamente pelo corpo sem que ocorram prejuízos às células do organismo.A administração do remédio é feita em um hospital por meio de injeção na veia. Porém, nem todo mundo pode tomar, já que ele não é indicado para lactantes, grávidas ou pessoas com doença renal. O FDA ainda diz não ter informações suficientes para recomendar a utilização para crianças, idosos e pacientes que tenham insuficiência hepática, ou seja, mau funcionamento do fígado.Outro dado importante é que, ao tomar o medicamento, cerca de entre 11% e 14% das pessoas sentem dores de cabeça, tontura e náusea. Leia mais:Como funciona o teste rápido e barato que detecta metanol em garrafas lacradasMetanol: Anvisa regulamenta produção industrial de antídotoIntoxicação por metanol: Ministério da Saúde define como é um caso suspeitoÉ possível utilizar etanol para combater casos de intoxicação por metanol?Frasco com etanol – Imagem: sulit.photos/ShutterstockApesar do fomepizol ser mais indicado, o etanol é utilizado em situações de emergência e também atua inibindo a enzima que transforma metanol em ácido fórmico. Porém, ele tem um efeito mais demorado e no nível utilizado, faz com que a pessoa apresente sinais de intoxicação alcoólica durante o tratamento.O etanol utilizado no tratamento é aquele chamado de absoluto ou puro e não é disponibilizado normalmente em redes de emergência.O post Fomepizol: o que é e como funciona o antídoto do metanol apareceu primeiro em Olhar Digital.