O total de crianças alfabetizadas no Rio Grande do Sul caiu de 63,4% para 44,7% entre 2024 e 2025, uma diferença de 18,7%. Para efeito de comparação, no Brasil essa taxa subiu 3%.A causa mais provável para esse cenário está nas enchentes que assolaram o estado entre abril e maio do ano passado. Na ocasião, só na rede estadual, mais de mil escolas foram fechadas. Os dados estão no Anuário Brasileiro de Educação Básica, lançado nesta quinta-feira (25) pelo Todos Pela Educação. Leia Mais Alunos de escolas públicas têm aprendizagem afetada por falta de estrutura Estudo revela como secas e chuvas vêm afetando calendário escolar no Brasil Mudanças climáticas aumentarão mortes por diarreia na infância, diz estudo Crianças e as mudanças climáticasA relação entre as mudanças climáticas e a educação não é realidade só no Brasil. Um outro estudo recente publicado pelo Banco Mundial estima que nos últimos 20 anos, 75% de eventos climáticos levaram ao fechamento de escolas pelo mundo, impactando 5 milhões de pessoas.Segundo o mesmo estudo, uma criança de 10 anos hoje vai experimentar o dobro de incêndios florestais e ciclones e até cinco vezes mais secas do que uma criança da mesma idade nos anos 70.No Brasil, o Banco Mundial calcula que em 10% dos municípios mais quentes do país, as crianças e adolescentes perdem, em média, 1% de aprendizagem ao ano. A estimativa é que ao final do Ensino Médio, esses alunos tenham perdido um ano e meio de aprendizagem no total.Desafios brasileirosA maior parte das faltas no Brasil ocorre durante as estações chuvosas, mesmo quando as aulas não são suspensas. Isso porque em algumas regiões as cheias podem dificultar o acesso às escolas. Em média, são de sete a 12 dias de aula perdidos todos os anos por causa de enchentes e inundações.Mesmo onde as escolas seguem funcionando, há outras questões de infraestrutura que dificultam a aprendizagem. Segundo os dados do anuário, menos de 40% das salas de aula da rede pública contam com algum tipo de climatização, seja ar-condicionado ou aquecedor.Segundo o Todos Pela Educação, proporcionar conforto térmico para os alunos, seja por meio de ar-condicionado ou por uma arquitetura que valorize ventilação natural e áreas verdes, é algo que deveria ser exigido como parte da infraestrutura básica das escolas.