Funcionários expressam irritação ao receber “lero-lero de IA” (imagem: Vitaly Gariev/Unsplash) Resumo 40% dos funcionários entrevistados receberam trabalho de baixa qualidade gerado por IA, chamado “workslop”.Em média, 15,4% do trabalho recebido é considerado workslop, gerando prejuízo de até US$ 9 milhões anuais em grandes empresas.53% dos entrevistados se irritam com a prática, e mais de 50% têm visão negativa de quem envia esse tipo de material.Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos aponta que 40% dos trabalhadores entrevistados já receberam trabalho de baixa qualidade feito por seus colegas usando inteligência artificial. Esse fenômeno ganhou até um nome: “workslop”Uma tradução para “workslop” seria “porcaria de trabalho”. O termo deriva de “AI slop” (“porcaria feita por IA”), denominação dada a conteúdos de baixa qualidade criados com a ajuda de tecnologia e publicados na internet.O levantamento foi feito pela Harvard Business Review, em parceria com o Stanford Social Media Lab, com 1.150 participantes. Eles dizem que, em média, 15,4% do trabalho recebido pode ser qualificado como workslop.A prática se tornou um problema entre colegas, que precisam corrigir os trabalhos dos outros. A pesquisa aponta que, em 40% dos casos, o lixo gerado por IA é repassado entre pessoas de mesma hierarquia, e em 18%, enviado para chefes.Como o workslop se tornou um problema?Inteligência artificial pode melhorar qualidade de entregas ou servir como atalho para fazer trabalhos ruins (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)A Harvard Business Review explica que, desde que a IA chegou a ambientes de trabalho, sob o incentivo de líderes e chefes, muitos funcionários passaram a usar a ferramenta para melhorar a qualidade de suas entregas: slides bem formatados, relatórios estruturados, códigos úteis.Nem todos seguiram por esse caminho. Alguns empregados passaram a usar IA para gerar trabalhos incompletos, sem contexto ou mesmo inúteis.A revista define esse tipo de produção como workslop: trabalho gerado por IA que aparenta ser bom, mas não tem substância para trazer avanços significativos em uma tarefa. Essa produção se torna um problema, já que demanda que outras pessoas interpretem, corrijam ou até refaçam o material dos colegas.Uso preguiçoso da IA traz prejuízo para empresas e colegasA HBR sugere que o workslop é um dos motivos para o baixo impacto da IA em termos financeiros e de produtividade. A publicação aponta que o uso da tecnologia quase dobrou desde 2023, mas 95% dos projetos não geram retorno perceptível para as empresas.O levantamento da revista estima que, para cada workslop recebido, os funcionários perdem uma hora e 56 minutos corrigindo o material. Em uma empresa de 10 mil empregados, isso pode resultar em um prejuízo anual da ordem de US$ 9 milhões (cerca de R$ 48 milhões, em conversão direta).O trabalho ruim gerado por IA também tem impactos pessoais. Entre os entrevistados, 53% dizem ter ficado irritados ao receber um workslop; 38%, confusos; e 22%, ofendidos.Além disso, reforçando pesquisas anteriores, mais de 50% dos colegas a ter uma visão negativa de quem mandou o material de baixa qualidade, considerando-o menos criativo, capaz ou confiável. Por fim, 34% avisaram a chefia sobre o problema.“Se você já passou por isso, deve se lembrar do sentimento de confusão, seguido por frustração, antes de se perguntar se quem enviou simplesmente usou IA para gerar grandes blocos de texto em vez de pensar para escrever”, comenta a HBR.A publicação nota que, enquanto outras tecnologias poupam humanos de trabalho cognitivo, o workslop gerado por IA está, na verdade, sobrecarregando outras pessoas. Uma coisa é deixar de memorizar informações porque é mais fácil procurá-las no Google; outra é usar a tecnologia para deixar de fazer seu trabalho e empurrá-lo para outra pessoa.Com informações da Harvard Business ReviewWorkslop: trabalho ruim feito com IA vira dor de cabeça para colegas