*Camila Zuin criou o projeto “Chuteira Solidária” ao acompanhar seu filho Miguel nos treinos e jogos. Foto: DivulgaçãoO futebol é paixão nacional e também uma poderosa ferramenta de inclusão social. Mas, para muitas crianças e adolescentes, a falta de uma chuteira adequada tem sido um obstáculo para seguir sonhando em jogar. Foi diante dessa realidade que a mirandopolense Camila Zuin Ferreira criou o projeto “Chuteira Solidária”, iniciativa que arrecada chuteiras novas e usadas em bom estado para doar às crianças que não têm condições de comprar o material esportivo.A ideia surgiu de uma cena que marcou Camila: um amigo de seu filho Miguel, de 11 anos, parou de treinar porque não tinha chuteira. “Isso me incomodava desde o começo dos treinos do Miguel. Percebi que a falta de chuteira afastava crianças do esporte e pensei que se cada pessoa doasse um par, poderíamos mudar muitas histórias. Meu filho me contou sobre esse amigo e para mim foi a virada de chave para que eu tivesse a iniciativa. Eu sempre tive uma criação voltada para a caridade, de doar o que não servia mais, e passei isso para ele. Desde pequeno, o Miguel participa comigo das doações”, conta Camila.Com o apoio do filho, que atua como voluntário, o projeto funciona de forma simples, orgânica, mas eficiente: as chuteiras arrecadadas passam por triagem, limpeza e organização por numeração antes de serem entregues. “Muitas vezes eu mesma identifico uma necessidade em campo ou uma criança me procura. Quando não consigo a numeração exata, busco padrinhos e madrinhas do bem para ajudar com um par novo”, explica. Além das chuteiras, também são doados meiões, caneleiras e bolsas esportivas.Desde sua criação, o “Chuteira Solidária” já beneficiou cerca de 26 crianças em Mirandópolis, 3 em Lavínia e outras 15 em um projeto social de Birigui. Além disso, já conseguiu auxiliar atletas com transporte para peneiras, arrecadação de frutas, lanches e água em dias de jogos de longa distância. “As primeiras reações foram emocionantes. Muitas crianças calçaram as chuteiras na hora, sorrindo. Para elas aquilo era um sinal de que alguém acreditava em seus sonhos”, conta Camila.Para a idealizadora, o projeto impacta não apenas os beneficiados, mas também os doadores. “Vejo uma transformação muito grande em quem doa. Recebo várias mensagens de crianças dizendo que querem doar a chuteira que não serve mais. Isso cria um senso de coletividade, mostra que todos jogam no mesmo time e que o resultado é coletivo, não individual.”A receptividade da comunidade tem sido positiva. Pais, professores e atletas locais abraçaram a causa, reconhecendo a importância da iniciativa, mas o projeto ainda enfrenta alguns desafios, entre eles, a manutenção de um fluxo constante de doações, a necessidade de voluntários fixos, parcerias com empresas e maior divulgação que atualmente é feita pelo Instagram do projeto, o perfil @ChuteiraSolidariaMirandopolis. Hoje, o “Chuteira Solidária” já estuda novas formas de atuação. Um cadastro de beneficiados está em desenvolvimento, para que em breve seja possível implementar a ação “Adote um Atleta”, voltada a crianças com alto desempenho esportivo, mas em situação de vulnerabilidade, oferecendo a chance de frequentar escolinhas particulares e treinar com mais frequência.O post Projeto “Chuteira Solidária” transforma vidas de jovens atletas em Mirandópolis apareceu primeiro em AGORA NA REGIÃO.