Motor Wankel: como funciona e por que desapareceu

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Na história da indústria automobilística, uma invenção que causou fascínio e polêmica foi a do motor rotativo Wankel. Criado pelo engenheiro alemão Felix Wankel na década de 1950, esse tipo de propulsor parecia destinado a revolucionar os carros. O funcionamento simples e compacto contrastava com os motores convencionais a pistão, abrindo espaço para promessas de maior potência, suavidade e leveza.Ao longo das décadas, o Wankel ganhou espaço em montadoras renomadas, principalmente Mazda, que se tornou a maior defensora. Modelos icônicos como o Mazda RX-7 e RX-8 ajudaram a criar uma legião de fãs ao redor do mundo. Mas o que parecia ser o futuro dos automóveis se tornou uma solução de nicho, marcada por problemas técnicos e ambientais que limitaram a permanência dele no mercado.Hoje, o motor Wankel é lembrado tanto pelo desempenho diferenciado quanto pelas dificuldades que o afastaram das ruas. Afinal, como funciona essa tecnologia, e por que ela praticamente desapareceu? Leia Mais Chrysler Caravan: a minivan que reinventou o carro da família nos anos 80 De popular a clássico: o Fusca de R$ 7.200 que supera carro zero Fiat terá 5 carros novos no Brasil até 2030; saiba o que esperar O que é o motor Wankel e como ele funciona?O motor Wankel é um motor de combustão interna rotativo, que substitui os pistões tradicionais por um rotor triangular. Esse rotor gira dentro de uma câmara com formato ovalado, que realiza os quatro tempos do ciclo de combustão, admissão, compressão, explosão e escape, em um único movimento contínuo.Enquanto nos motores convencionais pistões sobem e descem para movimentar o virabrequim, no Wankel o rotor gira, transferindo energia diretamente ao eixo de saída. Isso elimina muitas peças móveis, simplificando a mecânica e tornando o motor mais compacto.Na prática, um motor rotativo pode gerar potência semelhante à de um motor a pistão bem maior, que ocupa menos espaço e pesa menos. Essa combinação de leveza e potência foi um dos motivos que encantaram engenheiros e apaixonados por esportivos.Vantagens que conquistaram engenheiros e entusiastasO Wankel apresentava vantagens inegáveis:Compacidade e leveza: ocupava até um terço do espaço de um motor a pistão equivalente, permitindo projetos de carros mais leves e ágeis;Alta rotação: podia alcançar regimes mais elevados sem comprometer a suavidade;Menor vibração: graças à ausência de pistões indo para cima e para baixo, o funcionamento era mais contínuo e linear;Design inovador: era visto como um símbolo de ousadia tecnológica, o que ajudava a diferenciar os modelos que o utilizavam.Essas características fizeram do motor Wankel uma escolha popular em esportivos. Ele representava liberdade criativa em um setor dominado pelo motor a pistão.As limitações que condenaram o WankelMas, com o tempo, as desvantagens começaram a pesar mais do que os benefícios. Entre os principais problemas estavam:Consumo elevado de combustível: o desenho da câmara de combustão favorecia perdas de eficiência, resultando em gasto maior que os motores convencionais;Emissões poluentes: dificuldade de queimar o combustível de forma completa, gerando mais gases tóxicos;Durabilidade limitada: as famosas vedações de ponta, chamadas apex seals, sofriam desgaste prematuro, causando perda de compressão e problemas mecânicos recorrentes;Baixo torque em baixas rotações: embora girasse alto, o Wankel não entregava a mesma força imediata de um motor a pistão;Custos de manutenção: menos oficinas sabiam lidar com a tecnologia, o que aumentava a complexidade e o valor do reparo.Por que ele desapareceu do mercado?O declínio do Wankel se deu por pressão prática. Na crise do petróleo dos anos 1970, o consumo excessivo tornou-se insustentável. Décadas depois, as normas ambientais passaram a exigir motores mais limpos, e o rotativo não conseguia atender aos limites de emissões sem adaptações caras e complexas.A Mazda continua estudando formas de utilizá-lo como gerador auxiliar em veículos elétricos, aproveitando sua compacidade e suavidade para carregar baterias. Outras iniciativas independentes também buscam adaptar o conceito a novas demandas, como drones e pequenas aeronaves.No entanto, dificilmente o motor rotativo voltará a ser protagonista em carros de rua. Seu papel futuro deve ser mais coadjuvante: não como motor principal de esportivos, mas como solução específica em projetos que valorizem seu tamanho reduzido e funcionamento contínuo.Honda apresenta motor que pode revolucionar futuros modelos de motos