Hollywood se prepara para assinar contrato com a primeira atriz de IAGrandes agências já estão disputando os direitos de representação da primeira atriz criada por inteligência artificial.O nome dela é Tilly Norwood — ou melhor, o nome que seu estúdio criador, a Xicoia, deu a essa artista virtual hiper-realista. Segundo a fundadora Eline Van der Velden, tratada como a “mãe” da atriz, já existem conversas avançadas com algumas das maiores agências de talentos dos Estados Unidos.“Quando apresentamos Tilly em fevereiro, ninguém levou a sério”, contou Van der Velden ao Deadline. “Mas em maio já havia gente dizendo: ‘precisamos fazer algo com vocês’. Agora estamos prestes a anunciar qual agência vai representá-la oficialmente.”A proposta da Xicoia é clara: criar, gerenciar e monetizar uma nova geração de estrelas digitais, que podem ser inseridas em filmes e séries sem restrições físicas, de agenda ou de cachê. Para Van der Velden, os estúdios estão, aos poucos, deixando de negar o uso de IA e buscando profissionais que saibam integrar a tecnologia ao processo criativo.“Muitos já trabalham com IA em segredo”, afirmou.https://www.instagram.com/p/DO_jWV4DKHx/?img_index=1Se confirmada, a assinatura de contrato pode marcar um ponto de virada para a indústria. Embora seja improvável vermos um elenco totalmente formado por atores artificiais num futuro próximo, a presença de Tilly como parte de produções ao lado de artistas de carne e osso já parece inevitável.No Instagram da “atriz”, a criadora Eline Van der Velden fez um post onde explicou seu ponto de vista sobre o uso de IA. Leia na íntegra:“Para aqueles que expressaram raiva com a criação de nossa personagem de IA, Tilly Norwood: ela não é uma substituta de um ser humano, mas sim uma obra criativa — uma peça de arte. Como muitas formas de arte antes dela, ela provoca conversas, e isso por si só já mostra o poder da criatividade.Eu vejo a IA não como uma substituta das pessoas, mas como uma nova ferramenta — um novo pincel. Assim como a animação, o teatro de marionetes ou o CGI abriram novas possibilidades sem tirar nada da atuação ao vivo, a IA oferece outra forma de imaginar e construir histórias. Eu sou atriz, e nada — certamente não uma personagem de IA — pode tirar o ofício ou a alegria da performance humana.Criar Tilly foi, para mim, um ato de imaginação e de artesanato, não muito diferente de desenhar um personagem, escrever um papel ou moldar uma atuação. Isso exige tempo, habilidade e repetição para dar vida a um personagem assim. Ela representa experimentação, não substituição. Grande parte do meu trabalho sempre foi sobre segurar um espelho para a sociedade através da sátira, e isso não é diferente.Também acredito que personagens de IA devem ser julgados como parte de seu próprio gênero, por seus próprios méritos, em vez de serem comparados diretamente a atores humanos. Cada forma de arte tem seu lugar, e cada uma pode ser valorizada pelo que traz de único.Espero que possamos receber a IA como parte da ampla família artística: mais uma maneira de nos expressarmos, junto ao teatro, cinema, pintura, música e tantas outras. Quando celebramos todas as formas de criatividade, abrimos portas para novas vozes, novas histórias e novas formas de conexão uns com os outros.Eline”De qualquer forma, muita gente da própria indústria ainda parece inconformada com a novidade. Nas redes sociais, o anúncio enfrentou críticas e até reações duras, como a do ator Ralph Ineson (Quarteto Fantástico: Primeiros Passos), que resumiu sua opinião em um direto “vai se fo*er”.Ainda assim, Tilly Norwood já possui site oficial e perfis em plataformas sociais, preparando terreno para se apresentar ao mundo como a primeira estrela de Hollywood que nunca existiu de verdade.