Sinal de alerta? Apostas contra bancos crescem; Banco do Brasil (BBAS3) lidera

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Há um termômetro secreto na Bolsa que vai muito além dos preços ou balanços: o mercado de aluguel de ações.Quando investidores pagam caro para alugar papéis e vendê-los no mercado, o recado é claro: eles acreditam que os preços vão cair.Em setembro de 2025, esse indicador ganhou ainda mais relevância.Dados da Elos Ayta mostram que o volume financeiro alugado na B3 (B3SA3) atingiu níveis próximos aos recordes históricos em várias companhias, revelando uma combinação de forte expectativa de queda, concentração setorial e pressão vendedora em algumas das maiores empresas do país.Como funciona o BTC?O aluguel de ações, conhecido no jargão como BTC (Banco de Títulos CBLC), funciona de forma simples: o cedente (quem possui os papéis) empresta as ações ao tomador, que geralmente vende esses papéis apostando em recomprá-los mais baratos depois, lucrando com a diferença.CONFIRA: Veja os ativos mais recomendados por grandes bancos e descubra como diversificar sua carteira com as escolhas favoritas do mercado; acesse gratuitamenteEm troca, o cedente recebe uma taxa de aluguel. Quanto maior a demanda por aluguel, maior a aposta na queda do papel ou o uso como proteção (hedge) em outras estratégias.Setores mais pressionadosSegundo levantamento da Elos Ayta de 28 de setembro de 2025, o setor bancário lidera o ranking: quatro ações entre as 20 mais alugadas — Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e BTG Pactual (BPAC11).Na sequência aparece o setor de petróleo (exploração, refino e distribuição), com três representantes, e o de energia elétrica, com duas ações. Outros 11 setores surgem com um papel cada, mostrando que as apostas em queda estão concentradas em segmentos estratégicos da economia.Oito ações operam acima de 90% de seus recordes de aluguel dos últimos 12 meses, indicando pressão vendedora intensa.Banco do Brasil: 97,77% do maior estoque já registrado;BTG Pactual: 94,21%;Bradesco: 93,17%;Rede D’Or (RDOR3), Marfrig (MRFG3), Itaú Unibanco (ITUB4), Embraer (EMBR3) e PetroRio (PRIO3) também aparecem na lista.A Marfrig lidera no critério de proporção do free float alugado: impressionantes 36,92% de suas ações disponíveis estão emprestadas. Em seguida vêm o Banco do Brasil, com 14,96%, e a PetroRio, com 13,53%.Veja a tabelaEmpresaSetorCódigoEstoque alugado (R$ mi)Máximo 12M (R$ mi)Data Máximo% 29set25 vs Máximo% Free float alugadoTaxa média aluguel (%)Itaú UnibancoBancosITUB49.55910.47723/06/202591,244,680,13ValeMinerais metálicosVALE39.52515.35005/03/202562,053,910,05Banco do BrasilBancosBBAS39.3659.57924/09/202597,7714,960,13PetrobrasExploração refino e distribuiçãoPETR47.58312.17128/02/202562,315,380,05BradescoBancosBBDC45.8376.26519/09/202593,172,110,03AmbevCervejas e refrigerantesABEV34.0164.66620/08/202586,071,530,15PetroRioExploração refino e distribuiçãoPRIO33.9714.47105/03/202588,8713,530,13LocalizaAluguel de carrosRENT33.7444.74621/05/202578,897,140,23EletrobrasEnergia elétricaELET32.8076.06407/04/202546,301,840,09WegMotores compressores e outrosWEGE32.6833.68418/12/202472,822,950,09EmbraerMaterial aeronáuticoEMBR32.5512.80303/09/202591,008,430,23B3Serviços financeiros diversosB3SA32.5333.08316/09/202582,154,040,10Rede D’OrServiços médico-hospitalaresRDOR32.3843.06124/06/202577,884,300,14MarfrigCarnes e derivadosMRFG32.3322.76630/05/202584,2936,9229,06EquatorialEnergia elétricaEQTL32.1162.53424/06/202583,521,600,04BTG PactualBancosBPAC112.1132.63526/09/202580,214,880,03SuzanoPapel e celuloseSUZB32.0682.43420/05/202584,961,280,04ItaúsaHoldings diversificadasITSA41.8772.28712/09/202582,042,280,03SabespÁgua e saneamentoSBSP31.8413.82713/05/202548,081,430,06Consolidado 20 maiores––80.583106.938–75,354,840,68Consolidado mercado––103.106137.808–74,813,561,11Taxa de aluguel como termômetroA taxa média de aluguel também indica expectativa e escassez.Marfrig (MRFG3): 29,2% ao ano, refletindo altíssima demanda por operações vendidas e baixa oferta de papéis;Ambev (ABEV3): 5,09%;Rede D’Or (RDOR3): 1,16%.Nas demais ações, a taxa está abaixo de 1%, sugerindo maior equilíbrio entre oferta e demanda.Em 28 de setembro, o estoque consolidado das 20 ações mais alugadas somou R$ 80,7 bilhões, equivalente a 74,31% do recorde conjunto dos últimos 12 meses. No mercado total, o volume chegou a R$ 135,8 bilhões, cerca de 28,47% do pico histórico.Esses números mostram que, embora o aluguel de ações seja prática comum, atingiu níveis que podem antecipar movimentos relevantes no mercado à vista.Janela para o comportamento do investidorAnalisar o mercado de aluguel não é mera curiosidade técnica: trata-se de uma janela para o sentimento real dos investidores.Altos volumes alugados, taxas elevadas e concentração em determinados papéis revelam não apenas onde estão as maiores apostas de queda, mas também potenciais focos de volatilidade acima do normal e até de short squeeze.Para o investidor atento, acompanhar esse termômetro pode ser a diferença entre seguir a maré ou antecipar seus movimentos.