Um tribunal de apelações francês iniciará nesta segunda-feira (29) um novo julgamento da companhia aérea Air France AIRF.PA e da Airbus AIR.PA, 16 anos após a queda de um avião no Oceano Atlântico que marou todas as 228 pessoas a bordo.Um tribunal francês de instância inferior absolveu as empresas de homicídio culposo corporativo em 2023, após um julgamento público histórico sobre o desaparecimento do voo AF447, durante a rota do Rio de Janeiro para Paris, em 1º de junho de 2009.Após uma busca de dois anos pelas caixas-pretas da aeronave A330, investigadores franceses descobriram que os pilotos lidaram mal com a perda temporária de dados dos sensores de velocidade congelados e levaram o jato a uma queda livre, sem responder aos alertas. Documentário "Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447" estreia 15 anos após acidente Voo AF447: Justiça francesa absolve Airbus e Air France por acidente de voo Rio-Paris em 2009 Saiba o que causou o acidente fatal no voo da Air France que ia do Rio a Paris em 2009 Mas o julgamento, mais de uma década depois, também lançou luz sobre as discussões entre a Air France e a Airbus sobre os crescentes problemas com os sensores ou “sondas pitot” que geram leituras de velocidade.Após nove semanas de análise de provas, um juiz de Paris listou quatro atos de negligência da Airbus e um da Air France, mas concluiu que estes não eram suficientes, segundo a lei penal francesa, para estabelecer um vínculo definitivo com a perda do jato durante uma tempestade à meia-noite.Os promotores apelaram do veredito e pediram um novo julgamento de dois meses, que deverá envolver uma ampla exposição de provas, em vez de se limitar a questões legais.O desastre do AF447 está entre os mais debatidos na aviação e levou a uma série de mudanças técnicas e de treinamento.Os promotores argumentaram que a Airbus reagiu muito lentamente ao crescente número de casos de alta velocidade e que a companhia aérea não fez o suficiente para garantir que os pilotos recebessem treinamento adequado.As duas empresas negaram consistentemente qualquer irregularidade criminal, mas o julgamento anterior expôs amargas divisões entre duas das principais empresas francesas sobre os papéis relativos do piloto e do sensor no pior desastre aéreo do país.A multa máxima por homicídio culposo corporativo é de 225 mil euros, mas os promotores acreditam que um novo julgamento ajudará as famílias, que protestaram contra o veredito anterior e prometeram continuar lutando para estabelecer a responsabilidade criminal.Os presidentes-executivos da Airbus e da Air France, parte da empresa franco-holandesa Air France-KLM, devem fazer declarações durante a audiência de abertura, que começa às 13h30, horário local, nesta segunda-feira (29).