Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas transformações e uma delas pode surpreender: o escurecimento dos mamilos e das aréolas dos seios. Mas, você sabe por que isso acontece? Leia também Vida & Estilo Mães contam jornadas desafiadoras de amamentação com bebês prematuros Distrito Federal Agosto Dourado: campanha reforça a importância de salas de amamentação Claudia Meireles Agosto Dourado: confira 10 mitos e verdades sobre a amamentação Segundo o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, esse escurecimento ocorre por causa do aumento da produção de melanina na região, um efeito direto das alterações hormonais típicas da gravidez. “É um preparo do corpo para amamentação, tornando o mamilo mais ‘resistente’, explica o médico. Ele ressalta que, na maioria dos casos, a coloração tende a voltar ao normal após o fim da amamentação.A enfermeira Shirlley da Silva Maciel, especialista em cuidados materno-infantis, reforça que os hormônios estrogênio e progesterona são os principais responsáveis pela hiperpigmentação. “Eles estimulam a produção de melanina, o pigmento responsável pela coloração da pele”, explica.Durante a amamentação, a mulher tem altos níveis de prolactina, hormônio que diminui a libidoEla destaca ainda que esse escurecimento não ocorre apenas nos mamilos: “Outras regiões, como a linha nigra no abdômen, podem escurecer por causa da mesma resposta hormonal durante a gravidez.”Há um detalhe curioso nesse processo: a mudança na cor da aréola pode ter uma função prática. “A coloração mais escura ajuda o bebê a localizar a aréola para a pega correta, já que a visão dos recém-nascidos ainda está em desenvolvimento. O cheiro do colostro auxilia nesse processo”, completa Shirlley.Cuidados simples fazem a diferençaDurante esse período, Mantelli orienta alguns cuidados básicos com os mamilos: “Recomendamos banhos de sol diários de 10 a 15 minutos e o uso de cremes hidratantes nas mamas — mas não diretamente nos mamilos. Neles, pode-se usar cremes à base de lanolina, desde que sejam retirados com pano macio e úmido antes da amamentação.”Ambos especialistas ressaltam que os cuidados adequados com os seios são essenciais para prevenir fissuras, dor e infecções. “Não é necessário fazer higiene antes de cada mamada, o banho diário já é suficiente. O uso de sabonetes em excesso deve ser evitado, pois resseca a pele”, afirma Shirlley.Segundo a enfermeira, o próprio leite materno pode ser passado sobre os mamilos, ajudando na hidratação e cicatrização. É importante usar um sutiã com boa sustentação, alças largas, de algodão e sem aro. O uso de rosquinhas de amamentação é recomendado, desde que o mamilo fique livre e sem contato com o tecido.5 imagensFechar modal.1 de 5O leite materno é chamado de ouro líquido ou alimento de ouro Getty Images 2 de 5A amamentação é natural, mas algumas mães podem precisar de auxílio e orientação Getty Images 3 de 5Estresse, cansaço, pega incorreta e falta de apoio estão entre as principais causas da baixa produção de leitePexels4 de 5Amamentar exige apoio, técnica e informaçãoPexels5 de 5Ao amamentar por um ano, a mulher passa cerca de 1.800 horas na função Getty Images Esses cuidados são essenciais em casos de mamilos sensíveis, machucados, mamas ingurgitadas ou com vazamento de leite. Evitar a umidade direta é fundamental para prevenir candidíase mamária — o famoso “molhou, trocou”.“O ponto mais importante é garantir a pega correta do bebê, abocanhando não apenas o mamilo, como também a maior parte da aréola. Isso reduz traumas”, salienta Shirlley. Ela orienta que não se deve usar bucha vegetal nem pomadas no mamilo. “Hoje, já contamos com suporte de laserterapia. Evitar água quente nas mamas durante a apojadura é essencial, pois pode agravar o ingurgitamento.”“E o mais importante de todos: não normalizem dor. Não é normal sentir dor. A amamentação tem que ser prazerosa e especial, tanto para o bebê quanto para a mãe”, ressalta a enfermeira.O escurecimento, portanto, além de natural, faz parte da preparação do corpo para acolher o bebê — mais uma das muitas adaptações incríveis do corpo feminino na gravidez.