O futuro dos investimentos no Brasil acaba de receber um impulso regulatório significativo. Isso porque, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) iniciou, em 24 de setembro de 2025, uma consulta pública para reformar integralmente o regime de crowdfunding de investimento, substituindo a antiga Resolução CVM 88.O ponto de maior impacto para a comunidade de tokens e ativos digitais é a clara intenção da autarquia de avançar na pauta da tokenização, integrando a tecnologia blockchain ao financiamento de pequenas e médias empresas.A proposta da CVM, parte da Agenda Regulatória de 2025, busca simplificar o acesso ao mercado de capitais e, ao mesmo tempo, adaptar a legislação à nova realidade tecnológica e setorial do país.“Destacamos, dentre as inovações propostas, a abertura a novos emissores ligados ao agronegócio, fortalecendo o acesso desse importante setor econômico ao mercado de capitais, e o avanço da pauta da tokenização de ativos. A experiência bem-sucedida do crowdfunding de investimentos, que foi implantado desde 2017, nos permite expandí-lo com segurança e proteção aos investidores“, disse Otto Lobo, Presidente Interino da CVM.A Tokenização como fator de ruptura e simplificaçãoO cerne da inovação reside na abertura para o uso de tokens como representação de valores mobiliários.A tokenização permite que ativos tradicionais, como cotas de dívida ou participações societárias, sejam transformados em ativos digitais registrados em blockchain. Isso oferece benefícios cruciais para o mercado de crowdfunding:Maior Liquidez: A tokenização facilita a fracionalização e a negociação desses ativos em mercados secundários digitais, um problema histórico para os investimentos em startups.Transparência e Rastreabilidade: A tecnologia de registro distribuído (DLT) garante que o histórico de propriedade de cada token seja imutável, fortalecendo a confiança e a fiscalização.Eficiência de Custos: A eliminação de intermediários no processo de emissão e custódia tende a reduzir os custos operacionais para as empresas e plataformas.Em seu comunicado, o Presidente Interino da CVM, Otto Lobo, destacou que o avanço da pauta da tokenização de ativos é parte do compromisso de modernizar a regulação e estimular o desenvolvimento do mercado.A CVM reconhece que a experiência bem sucedida do crowdfunding, em vigor desde 2017, permite agora expandir o regime com segurança para novas tecnologias.Mercado mais acessível e com tetos maioresAlém da inclusão de ativos digitais, a minuta de norma apresenta mudanças significativas que tornam o crowdfunding uma opção de financiamento ainda mais atraente:Aumento nos Limites de Captação: O teto para sociedades empresárias e cooperativas agropecuárias subiu para R$ 25 milhões. Companhias securitizadoras (também novas emissoras elegíveis) terão um limite de R$ 50 milhões.Inclusão do Agronegócio: A regra passa a aceitar produtores rurais pessoa física e cooperativas agropecuárias, canalizando capital privado para um setor vital da economia.Flexibilidade para Investidores: O limite de investimento do público de varejo será convertido em um limite por plataforma. Além disso, o investidor poderá reinvestir no mesmo ano valores que recebeu de volta (como lucros ou amortizações) sem que esse montante seja computado no seu limite anual de aporte.Integração e Segurança ReforçadaA CVM também mira a integração dos mercados. A proposta prevê a possibilidade de Distribuição por Conta e Ordem, permitindo que as plataformas de crowdfunding trabalhem em conjunto com instituições tradicionais do sistema de distribuição de valores mobiliários, como corretoras e bancos. Essa ponte é essencial para garantir a liquidez e a visibilidade dos ativos tokenizados.O Superintendente de Desenvolvimento de Mercado da CVM, Antonio Berwanger, resumiu o espírito da reforma. “Essa consulta busca modernizar o regime, […] tratando de temas fundamentais, como […] a necessária adaptação às operações de securitização. Queremos ouvir a sociedade para calibrar esse regime, que deve continuar sendo um espaço de inovação regulatória controlada.”O público, as empresas de tecnologia e os investidores têm até 23 de dezembro de 2025 para enviar sugestões e comentários à CVM, colaborando diretamente na construção do arcabouço legal que definirá a relação entre o mercado de capitais e a tecnologia blockchain no Brasil. Por fim, o edital completo segue disponível no site da autarquia.Fonte: CVM lança consulta pública de regulação de tokens no Brasil até final de 2025Veja mais notícias sobre Bitcoin. Siga o Livecoins no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.