Na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os avanços tecnológicos farão com que, no futuro, as pessoas trabalhem por mais anos, mas com menos frequência. A análise foi feita durante participação no Podcast Três Irmãos, neste sábado (27/9).Após ser questionado sobre os impactos econômicos da proposta do fim da escala 6×1, o ministro respondeu que a humanidade precisa aprender a lidar com os novos desafios e encontrar um equilíbrio para as pessoas terem mais tempo, mas também continuarem trabalhando.“Nós vamos viver mais, a expectativa de vida está crescendo. E com a ciência, automação, inteligência artificial, é capaz que a gente viva mais ainda. Nós precisamos viver melhor. Então, tudo me leva a crer que o equilíbrio entre essas coisas vai exigir que a gente trabalhe mais tempo ao longo da vida, mas menos dias por semana, para usufruir melhor da vida”, afirmou Haddad.“Hoje você, com filho pequeno, está trabalhando 12 ou 14 horas por dia. Não seria melhor trabalhar mais anos, mas com mais tempo livre para você?”, questionou.Na opinião de Haddad, o capitalismo e o comunismo “não entregaram o que prometeram”. Por isso, o ministro defendeu que a sociedade repense seus objetivos para criar um mundo no qual todos vivam com dignidade.“O trabalho não pode consumir as pessoas como consome hoje, até porque a finalidade da economia deveria ser liberar tempo. Deveria servir a humanidade, e não se servir da humanidade […] Tem gente que não consome nada e está com déficit calórico, e tem gente comprando iate de US$ 500 milhões. Vamos buscar um equilíbrio para as pessoas viverem dignamente”, declarou.Eleições de 2026Em outro momento da entrevista, Haddad foi questionado sobre eventual reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026, e confirmou que Lula será candidato à Presidência da República.Sobra as chances de ele mesmo voltar a disputar o cargo em 2030, o ministro disse que “muita coisa pode acontecer” até lá.Combate ao crime organizadoFernando Haddad também celebrou a criação de uma delegacia da Receita Federal especializada no combate ao crime organizado, anunciada na última quinta-feira (25/9). Ele afirmou que é preciso “inteligência organizada” para reprimir a atuação de criminosos.O ministro avaliou que a cooperação entre órgãos é fundamental em investigações e operações, além de destacar que o objetivo das autoridades é combater a economia das organizações criminosas.“Se as prisões vierem desacompanhadas do sufocamento das finanças da organização, sempre vai ter gente para substituir quem foi morto ou preso. O grande lance da inteligência é chegar no andar de cima do crime organizado, bloquear o dinheiro”, declarou.Segundo Haddad, a relação de confiança entre instituições possibilitou operações recentes que miraram um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC.“Os caras estavam lavando dinheiro em redes de motéis, empreendimentos imobiliários, postos de gasolina, grandes franquias, e conseguimos mapear tudo isso em uma operação grandiosa, que passou por vários setores da economia”, citou.Apelido “Taxad” e provocaçõesO ministro comentou provocações na Câmara dos Deputados após ser chamado de “Taxad” por um parlamentar, durante participação em audiência na Comissão de Agricultura para prestar esclarecimentos sobre o plano safra e as medidas de socorro ao Rio Grande do Sul.Haddad afirmou que piadas e memes “fazem parte do jogo” na política, mas destacou que trata as pessoas com o mesmo respeito que recebe. “Os caras fazem graça, eu também faço […] O cara me tira para dançar, eu danço conforme a música que está tocando. O deputado estava me criticando porque eu taxei casas de aposta, bancos. Coisas tão fora da casinha. Acho que não faltei com educação”, disse.