Sanções da ONU contra o Irã entram em vigor novamente após uma década

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As sanções contra o Irã foram retomadas na noite deste sábado (27), uma década depois de terem sido suspensas como parte de um acordo histórico para limitar e monitorar o programa nuclear do país.Várias potências europeias acusam o Irã de não cumprir as suas obrigações nos termos do acordo. Mas a retomada das sanções pode levar Teerã a se afastar ainda mais dos observadores internacionais.As sanções deveriam terminar permanentemente em 18 de outubro. Mas o acordo original, conhecido como JCPOA, sigla em inglês para Plano de Ação Conjunto Global, permitia a qualquer signatário restaurar as sanções antes dessa data se decidisse que o Irã não cumpriu o compromisso de limitar seu programa nuclear. Leia Mais Rússia defende permanência do Brasil no Conselho de Segurança da ONU Ação de Israel ameaça explodir todo o Oriente Médio, diz Rússia na ONU Brics criticam tarifas, dão recado aos EUA e ignoram a Ucrânia Europa acusa Irã de violar acordoEm agosto, os negociadores europeus disseram ao Conselho de Segurança da ONU que o Irã tinha violado “quase todos os seus compromissos sob o JCPOA” e que a Europa estava se preparando para retomar as sanções. O Conselho então emitiu um aviso de um mês ao Irã como forma de colocar o processo em andamento antes da Rússia assumir a presidência do órgão em outubro.Várias reuniões e telefonemas aconteceram ao longo do último mês com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e outros responsáveis ​​iranianos – mas nenhuma reunião gerou avanços nas principais exigências dos europeus: provas de que o Irã está preparado para encontrar uma solução diplomática, cumprir com as inspeções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e prestar contas sobre os mais de 400 kg de urânio altamente enriquecido.As nações europeias também querem a retomada das negociações do Irã com os Estados Unidos.As potências ocidentais e Israel acusam o Irã de tentar fabricar armas nucleares. Teerã insiste que o seu programa nuclear é pacífico.Houve um acordo este mês entre a AIEA e o Irã sobre a retomada das inspeções, mas diplomatas europeus disseram que o combinado é vago demais. O chanceler iraniano disse à mídia estatal que o acesso da AIEA às instalações nucleares seria limitado e conduzido sob condições estabelecidas pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã. Ele acrescentou que os estoques de urânio enriquecido podem permanecer inacessíveis, enterrados sob os escombros das instalações nucleares.O mecanismo “snapback”, aprovado pelo Conselho de Segurança na sexta (26), é uma decisão que restaura as sanções da ONU que foram aplicadas entre 2006 e 2010 – incluindo um embargo de armas e a proibição do Irã de obter tecnologia para o seu programa de mísseis balísticos. Os setores petrolífero e de serviços financeiros iranianos também foram alvo.Mas a decisão de países europeus não é vinculativa para os outros signatários do acordo JCPOA, como a China e a Rússia, aliados históricos do Irã.Os EUA deixaram o acordo durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump e optaram por uma política de “pressão máxima” contra o Irã através de sanções. Assim, o mecanismo “snapback” significa que a Europa está se aproximando da postura dos Estados Unidos.O que diz o Irã?Presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, discursa à Assembleia Geral da ONU, em Nova York • 24/09/2025 REUTERS/Jeenah MoonO Irã mantém uma posição desafiadora: “Através do ‘snapback’ eles bloqueiam a estrada, mas são os cérebros e os pensamentos que abrem ou constroem a estrada”, disse o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.“O impacto econômico das sanções da ONU e da União Europeia ao Irã seria limitado, dada a gravidade das restrições dos EUA”, observa o Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR). “Mas uma ramificação prática para o Irã é que se um futuro acordo nuclear levasse à retirada das sanções da ONU, não está claro se a União Europeia concordaria com isso.”O conselho acrescenta: “É inconcebível que – tendo experimentado a dor dos ataques militares – [a retomada das sanções] possa forçar o Irã a aceitar a exigência dos EUA de parar de enriquecer urânio”.Autoridades iranianas alertaram anteriormente que, se as sanções fossem retomadas, Teerã encerraria a sua participação nas inspeções da AIEA. Algumas autoridades iranianas alertaram que a volta das sanções da ONU levaria o Irã a abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), o que colocaria fim à inspeção internacional do seu programa nuclear.O presidente Pezeshkian, no entanto, disse a um grupo de jornalistas e analistas que o Irã não tinha intenção de abandonar o TNP como reação à retomada das sanções da ONU, informou a Reuters.Como está o programa nuclear iraniano atualmente?Após o ataque israelense ao Irã, que durou 12 dias em junho, e os ataques aéreos dos EUA contra sua principal instalação nuclear, de Fordow, as condições atuais do programa do Irã não é claro.Trump disse que Fordow foi destruída; outras avaliações sugeriram que as instalações nucleares tinham sido gravemente danificadas, mas que o programa do Irã pode ter sido atrasado em dois anos.O chanceler iraniano disse que grande parte do urânio enriquecido do Irã está enterrado sob os escombros. Também não se sabe qual é o estado do equipamento crítico em Isfahan que enriqueceria urânio até atingir níveis militares e o converteria em metal.Os inspetores internacionais não têm conseguido visitar as instalações desde o conflito de junho.“Mundo não pode patrocinar o terror”: Trump cita programa nuclear do Irã | LIVE CNN