Diante de suspeita, bares devem suspender venda de bebida, alerta Abrasel

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A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) emitiu nesta segunda-feira (29) uma nota recomendando que bares e restaurantes suspendam a venda de bebidas no estado de São Paulo.A recomendação reforça a posição do Ministério da Justiça e destaca que preços baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes devem ser tratados como suspeita de adulteração.De acordo com a associação, a falsificação e adulteração de bebidas são crimes graves contra o consumidor, que colocam em risco a saúde da população e geram prejuízos diretos aos estabelecimentos sérios e comprometidos com a legalidade. Leia Mais Bebida batizada com metanol: sobe para três o número de mortes suspeitas Polícia investiga intoxicação por metanol após grupo beber gin importado Metanol importado pelo PCC pode ter sido usado em bebidas, diz associação Três mortes foram confirmadas por ingestão de bebida alcoólica, supostamente adulterada com metanol. Dois casos aconteceram em São Bernardo do Campo. O primeiro caso é de um homem de 58 anos que faleceu em 24 de setembro e foi atendido no Hospital de Urgência. Já o segundo caso, confirmado na manhã de hoje (29), trata-se de um homem de 45 anos que faleceu no último domingo (28) e foi atendido na rede particular.Nos dois casos, os exames estão sendo realizados pelo IML (Instituto Médico Legal) para confirmar ou descartar a contaminação. Anteriormente, a Polícia Civil já havia confirmado uma morte na capital, na região da Mooca.Recomendação do Ministério da JustiçaO MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) emitiu uma recomendação urgente aos estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e em regiões próximas.A medida é adotada diante do registro de pelo menos nove casos de intoxicação por metanol nos últimos 26 dias, com três mortes confirmadas. Todas as ocorrências estão relacionadas à ingestão de bebida alcoólica adulterada.A nota técnica aponta a necessidade de atuação conjunta entre governo, setor privado e sociedade no combate a práticas de falsificação. Segundo eles, deve ser prioridade a compra segura, com conferência e rastreabilidade dos produtos.A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou ainda que outros 10 casos, todos na capital, estão em investigação por suspeita de intoxicação após ingerir bebida contaminada.Suspeita da ABCFSegundo a ABCF, “o fechamento nas últimas semanas de distribuidoras e formuladoras de combustível diretamente ligadas ao crime organizado, que importam metanol de maneira fraudulenta para adulteração de combustíveis, conforme já comprovado por investigações do GAECO e do MP de SP, podem ser a causa dessa recente onda de intoxicações e envenenamentos de consumidores que ao tomar bebidas destiladas em bares e casas noturnas, apresentaram intoxicação por metanol.”A entidade ainda levanta a possibilidade de que, ao ficar com tanques cheios de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, “a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido tal metanol a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores.”Metanol e riscos à saúdeO metanol se apresenta como uma substância líquida, inflamável e incolor e tem grande potencial de intoxicação. Quando consumido, mesmo em doses pequenas, pode levar à morte.O envenenamento pela ingestão do composto é causado pela interação das enzimas hepáticas e o metanol, que formam o formaldeído e o ácido fórmico.Os dois compostos são extremamente tóxicos, podendo causar cegueira, acidose metabólica, depressão do sistema nervoso central — sonolência, confusão, convulsões, coma.A dose mínima letal é de cerca de 80 gramas, em pacientes não tratados, mas os sintomas visuais podem acontecer com a ingestão da metade da dose.Metanol importado pelo PCC pode ter sido usado em bebidas, diz associação | CNN NOVO DIAConfira a nota da Abrasel“A Abrasel manifesta profunda preocupação com os casos de intoxicação por metanol registrados em São Paulo durante o mês de setembro. A Abrasel se solidariza com as famílias das duas vítimas fatais e espera que os demais afetados encontrem pronta recuperação.A falsificação e adulteração de bebidas são crimes graves contra o consumidor, que colocam em risco a saúde da população e geram prejuízos diretos aos estabelecimentos sérios e comprometidos com a legalidade. Trata-se de um problema de saúde pública, que exige ação coordenada entre autoridades, setor produtivo e sociedade. A orientação da Abrasel é que os estabelecimentos sempre procurem comprar os produtos de distribuidores reconhecidos e confiáveis.A Abrasel alerta ainda para o impacto negativo dos altos impostos sobre os produtos. Como afirma Percival Maricato, advogado e especialista do setor, “a carga tributária elevada tende a estimular o contrabando e a falsificação, ampliando os riscos à saúde e à segurança dos consumidores”.Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, “o combate ao abuso de álcool deve ser feito por meio de educação e campanhas de conscientização, e não por medidas que penalizam o consumidor, especialmente os de menor poder aquisitivo, e favorecem práticas criminosas”. Segundo ele, “as novas gerações já mostram forte tendência à moderação no consumo de bebidas alcoólicas, uma conquista no campo da educação”.A Abrasel reforça a recomendação em nota do Ministério da Justiça, de que bares e restaurantes, diante de qualquer suspeita, suspendam a venda de bebida e comuniquem as autoridades. A nota destaca que preços baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes devem ser tratados como suspeita de adulteração. A entidade segue à disposição das autoridades para colaborar na construção de soluções eficazes e responsáveis para proteger a população e fortalecer o setor de alimentação fora do lar”.