X de Elon Musk é principal plataforma para conteúdo antissemita, diz estudo

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O X, de Elon Musk, é a “plataforma preferida para postagens antissemitas”, de acordo com novo estudo de um ano de duração compartilhado com exclusividade à CNN.A pesquisa, realizada pelo Centro para Combate ao Ódio Digital (CCDH) e pelo Conselho Judaico para Assuntos Públicos dos Esrados Unidos, descobriu que o antissemitismo não só é desenfreado na plataforma, mas também que as notas comunitárias colaborativas estão falhando em moderar as publicações efetivamente — com apenas pouco mais de 1% das postagens antissemitas mais visualizadas recebendo verificação de fatos pela comunidade.Contas com muitos seguidores que publicam conteúdo antissemita, denominadas pela pesquisa como influenciadores antissemitas, também estão ganhando força no X e alcançando milhões de pessoas, segundo o estudo. Alguns dos influenciadores antissemitas mais populares identificados pela pesquisa pagaram por selos de verificação no X e têm permissão para vender assinaturas de suas contas na plataforma, o que significa que podem lucrar com o discurso de ódio. Musk anuncia processo contra Apple por favorecer OpenAI na App Store Modo picante do Grok, IA de Elon Musk, produz nudes falsos de Taylor Swift Casas em Marte e colônias espaciais? O que Elon Musk e Jeff Bezos planejam   “A verdade é que o antissemitismo está presente no X muito antes de sua mudança de marca (do Twitter). Sempre houve um problema com isso”, disse Imran Ahmed, CEO do CCDH, em entrevista à CNN. “Mas ver isso sendo tolerado, monetizado e amplificado tão abertamente ainda é chocante.”Com a ajuda do modelo GPT-4o da OpenAI, o estudo identificou mais de 679 mil postagens contendo comentários antissemitas entre 1º de fevereiro de 2024 e 31 de janeiro de 2025. Os pesquisadores verificaram pessoalmente 5.000 das postagens e afirmaram que o modelo GPT-4o teve alta taxa de precisão.A pesquisa descobriu que 59% dessas postagens difundiam teorias conspiratórias sobre judeus, como a de que controlam governos, são de natureza satânica, ou que o Holocausto nunca aconteceu ou apresentavam distorções sobre o que aconteceu durante o Holocausto. Os outros 41% das postagens continham ataques antissemitas, como a desumanização do povo judeu ou ataques ao seu caráter.As políticas do X proíbem ataques a “outras pessoas com base em raça, etnia, origem nacional, casta, orientação sexual, gênero, identidade de gênero, afiliação religiosa, idade, deficiência ou doença grave” na plataforma. Também proíbem “comportamento incitador” destinado a “degradar ou reforçar” estereótipos, incluindo a desumanização de um grupo de pessoas ou o uso de insultos. O X também proíbe explicitamente a negação de eventos com vítimas em massa, como o Holocausto.Quando uma publicação viola essas políticas, o X afirma que limitará o alcance desse conteúdo e, em alguns casos, exigirá que as contas removam o conteúdo antes de poder publicar novamente, ou excluirá o conteúdo por conta própria.Ao mesmo tempo, Musk permitiu que teóricos da conspiração e usuários que fazem publicações antissemitas retornassem à plataforma sob o argumento da liberdade de expressão. Por exemplo, a conta de Nick Fuentes, supremacista branco e negacionista do Holocausto, foi reativada no ano passado após ter sido suspensa em 2023.“É melhor ter conteúdo anti-qualquer-coisa às claras para ser contestado do que deixá-lo fermentando nas sombras”, publicou Musk no X após a reativação da conta de Fuentes.O novo estudo, realizado ao longo de um ano, descobriu que as restrições de conteúdo do X não estão tendo muito efeito sobre conteúdo antissemita. As mais de 679 mil publicações antissemitas identificadas foram visualizadas 193 milhões de vezes no total, segundo o estudo.O X não respondeu ao pedido de comentário da CNN.Notas comunitárias praticamente inexistentesEm janeiro de 2024, após ser criticado por compartilhar uma teoria da conspiração antissemita no X, Musk visitou campos de concentração nazistas na Europa. Durante uma aparição ao lado do podcaster de direita Ben Shapiro, ele disse que o X sempre favorece a “liberdade de expressão” e que se “alguém disser algo falso”, os usuários podem responder com uma correção.Musk elogiou o recurso de notas comunitárias da plataforma. As notas comunitárias são rótulos de contexto gerados pelos usuários; se um número suficiente de usuários verificados votar que uma nota de contexto é válida, ela aparecerá sob uma publicação.“Dedicamos o máximo de recursos e atenção às notas comunitárias, então se alguém tentar promover uma falsidade como a negação do Holocausto ou algo assim, pode ser imediatamente corrigido. E você não pode se livrar da etiqueta, ela fica permanentemente fixada”, disse Musk na ocasião.Mas o novo estudo descobriu que as notas comunitárias estão falhando miseravelmente. As notas apareceram em apenas pouco mais de 1% das publicações antissemitas mais visualizadas, identificou o estudo, incluindo apenas duas das publicações de negação do Holocausto mais visualizadas. As notas da comunidade foram publicadas tão tarde que apareceram em média para apenas 22% das visualizações totais de uma postagem.O estudo descobriu que o X tomou ou forçou o autor da postagem a tomar medidas em apenas 36 dos 300 posts antissemitas mais visualizados, como limitar seu alcance ou remover a publicação.“As teorias da conspiração antissemitas e o ódio que antes eram marginais se normalizaram completamente — prosperando à vista de todos e amplificados pela falha do X em cumprir as suas próprias políticas,” disse Amy Spitalnick, CEO do Conselho Judaico de Assuntos Públicos.Influenciadores antissemitasDez “influenciadores do antissemitismo” foram responsáveis por 32% de todas as postagens identificadas como antissemitas no estudo. Uma das contas tem 2 milhões de seguidores, enquanto outras têm centenas de milhares.Seis dos 10 influenciadores eram “verificados” no momento do estudo, o que significa que pagam pelo X Premium, recebem um selo azul e têm suas postagens impulsionadas pela plataforma para serem vistas por mais usuários.Três dos 10 também tinham a capacidade de cobrar por assinaturas, permitindo que seguidores pagassem por conteúdo exclusivo. Um dos três influenciadores perdeu seus recursos de assinatura no final do período do estudo, em dezembro de 2024.Em entrevista, Ahmed, CEO do CCDH, destacou que quando Musk comprou o Twitter em outubro de 2022, ele escreveu em uma carta aberta que não queria que a plataforma se tornasse um “inferno sem regras onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências.”“Infelizmente, para os judeus, ele fez exatamente isso… Ele transformou o X em uma fantasia infernal, usando suas próprias palavras”, disse Ahmed.O X processou o CCDH em 2023 por causa de suas pesquisas, acusando o grupo de violar os termos de serviço da empresa ao estudar e depois escrever sobre discurso de ódio na plataforma após a aquisição por Musk. O X alegou ter sofrido dezenas de milhões de dólares em prejuízos devido às publicações do CCDH.No entanto, um juiz federal rejeitou o processo em março de 2024, criticando duramente o caso da plataforma como claramente punitivo, em vez de focado na proteção da segurança e direitos legais da plataforma.“O X não nos processou por difamação. Eles nos processaram pelo ato de fazer pesquisa”, disse Ahmed. “As pessoas não processam você por fazer pesquisa a menos que haja algo que elas não queiram que você descubra.”Veja também: Lula traz chinês e apressa STF para regular as redes | CNN BrasilWaack: Lula traz chinês e apressa STF para regular as redes | CNN BrasilMeta encerra checagem de fatos nos EUA e adota modelo similar ao X