Este fim de verão ficou marcado por uma nova cicatriz na nossa identidade nacional:A tragédia do Elevador da Glória volta a mostrar uma fragilidade. Quando alguém usa uma infraestrutura nacional tem de estar seguro de estar em segurança. Os imponderáveis não podem ser eliminados mas importa garantir que os desastres evitáveis são mesmo evitados. Em vez da busca de culpados, criemos uma cultura de accountability – para não precisarmos de procurar culpados.No seguimento: estará a cidade realmente preparada para um grande terramoto? Poderemos confiar nas autoridades?Não será este um bom momento para repensar a Carris, uma companhia que com as suas greves sucessivas ao longo dos anos falha demasiado aos mais pobres? E que agora fica marcada por esta tragédia?Lê-se que algures num planeta distante os passageiros de um comboio de alta velocidade foram reembolsados por causa de um atraso de 35 segundos. O planeta chama-se Japão. Não sei se é verdade, mas a história tem um ponto.Recordo, e isso sei que é verdade, que quando estudei na Holanda, um atraso de segundos merecia aviso e pedido de desculpas. Como são diferentes os transportes em Portugal…No Brasil, o julgamento de Bolsonaro avançou. Por cá o de Sócrates arrasta-se. Nota para quem manda na justiça: é ver como se faz no Brasil.Houve por aí um certo frisson porque o presidente disse que Trump é um ativo russo. Compreendo: foi pouco diplomático. Não devia ter sido. Até porque faltar ao respeito de alguém tão diplomático como o Sr Trump é algo que não se compreende.A China anda a organizar uma organização internacional com a Rússia, o Irão e a Coreia do Norte. Lembrei-me do livro Autocracia, Inc. de Anne Applebaum. A foto de Xi, Putin e Kim juntos no evento é de arrepiar.Nesse encontro de déspotas, Putin terá confidenciado a Jinping que o segredo da vida eterna poderá passar pela troca de órgãos. Cá está uma justificação para a nossa mortalidade: imagine-se um mundo com um Putin eterno. Mostra também a certa infantilidade do homem. Memento mori Sr Putin…Por falar em Putin: a guerra que Trump ia acabar num dia ainda não acabou.O braço armado do Kremlin em África deixa de ser a Wagner e passa a ser o Afrika Korps. Perdão, Africa Corps.Regressando a Trump e ao trumpismo: por muitas justificações que os apaniguados queiram encontrar, os disparos de um antifa matam da mesma maneira que os de um fascista.Uma frase que gostei de ler: “faz falta o reforço da crença de que o Estado está aí para nos servir, não por frete, mas porque é essa a sua missão” (Manuel Carvalho). Concordo, eu, orgulhoso trabalhador do Estado.Como também explicou Manuel Carvalho, é por aqui que passa o crescimento do Chega. E, acrescento, porque os partidos passam a vida a praticar a pequena política em vez de melhorarem o Estado e o contexto.Por falar em pequena política: ninguém consegue acabar com a poluição visual que são os perenes cartazes dos partidos? Havia a ideia de que a morte e os impostos eram inevitáveis. Juntemos-lhes os cartazes dos nossos dirigentes partidários. Matam-nos de cansaço…Continuando na pequena política, dois grandes momentos do mês: o festival dos hamburgers de Ventura e folclore da flotilha.A minha (curta) canção de setembro, para ouvir todos os dias: September, de David Sylvian. E outra canção melancólica para outubro: October, dos U2.O conteúdo Setembro aparece primeiro em Revista Líder.