Diferenças entre países desenvolvidos e emergentes “estão sumindo”, diz UBS

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Países emergentes são usualmente conhecidos no mercado financeiro por oferecerem mais “perigos” quando o assunto é investimento. Piores contas públicas, instabilidade política e uma estrutura econômica menos desenvolvida são, usualmente, características associadas a essas nações. Para o UBS, no entanto, as diferenças desses com países desenvolvidos estão cada vez “menos claras”.Em relatório divulgado nesta segunda-feira (4), Alejo Czerwonko, chefe de investimentos em mercados emergentes do UBS, menciona que, cada vez mais, países emergentes estão com economias mais desenvolvidas, menos instáveis e com PIB per capita em crescimento. LEIA TAMBÉM: Quer saber onde investir com mais segurança? Confira as recomendações exclusivas do BTG Pactual liberadas como cortesia do Money Times“Há um equívoco comum de que os mercados emergentes são relíquias do passado, caracterizados por baixos níveis de industrialização. Mas um rápido olhar para a avançada indústria aeroespacial do Brasil, a liderança de Taiwan em semicondutores ou as cadeias de suprimentos de alta tecnologia da Polônia dissipa essa noção”, fala Czerwonko. Quanto à questão da instabilidade macroeconômica e inflação alta, o especialista menciona que, por agora, a grande maioria dos países emergentes mostram “ter aprendido com o passado” Como o Brasil, grande parte desses países já possuem, por exemplo, bancos centrais independentes e já apresentam – ao menos um pouco – políticas fiscais mais sérias.“Por exemplo, a taxa de inflação mediana nos 24 países do Índice MSCI de Mercados Emergentes foi pouco acima de 3% em 2024”, contextualiza o chefe do UBS. Para fins de comparação, a inflação dos Estados Unidos no mesmo período foi de 2,9%.Desenvolvidos em deterioração Além dos avanços vistos em países emergentes, na outra ponta, a deterioração dos desenvolvidos também auxilia na aproximação dos dois grupos. Incertezas políticas e o crescente aumento da dívida pública (como no caso dos Estados Unidos) vêm aumentando os riscos de investir nos países mais riscos. “Historicamente, a alta incerteza política era uma característica definidora dos mercados emergentes. No entanto, um rápido olhar aos eventos globais deste ano mostra que essa incerteza agora está disseminada por todas as geografias”, diz o relatório. Apesar da aproximação na frente estrutural das economias, a aproximação não é vista, contudo, no mercado de capitais. O UBS destaca que a profundidade dos mercados de capitais e a volatilidade dos preços de ativos nos dois tipos continuam muito diferentes.“O país emergente mediano responde por apenas 0,12% da capitalização global do mercado de ações, sendo que a China — o maior deles — representa ainda apenas 3,1%”, fala o banco suíço. “No geral, as linhas que antes separavam claramente mercados emergentes e desenvolvidos estão se esvaindo. Os investidores precisam considerar ambos os grupos em suas carteiras para estarem melhor preparados para um mundo em transformação”, comenta  Czerwonko, no fim do relatório. A UBS destaca que vê de forma positiva as ações brasileiras, por conta dos fundamentos sólidos, bem como as da Índia. Além disso, o banco tem uma visão positiva sobre as ações de tecnologia da China continental, apoiada por robusto crescimento de lucros, inovação em IA e afrouxamento das restrições a chips.