O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se emocionou e foi às lágrimas, nesta terça-feira (5/8), ao relembrar momentos da infância e juventude marcados pela fome. O episódio ocorreu durante uma reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília. Em discurso, o chefe do Executivo falou sobre a dor silenciosa da fome, cobrou responsabilidade social do Estado e defendeu que o combate à miséria exige mais do que técnica: exige sentimento.“Porque a fome não dói, a fome vai corroendo você por dentro”, disse Lula, comovido.O presidente, então, relatou que comeu pão pela primeira vez aos sete anos, pois onde nasceu não havia nem lugar para comprar.Veja o momento em que Lula se emociona:Ao abordar a responsabilidade do poder público diante da pobreza, fez uma crítica direta à resistência de alguns setores em investir no combate à fome: “Qual é a alma de um ser humano que, ao discutir o orçamento, ouve falar em dinheiro pra acabar com a fome — e diz: ‘Não pode gastar’?”O mandatário afirmou que carrega a fome na alma, declarando que cuidar das minorias presentes no Brasil exige mais do que razão.“Você tem que ter sentimento. Se eu morresse hoje, eu estaria satisfeito. Porque o exemplo que vocês estão dando é um exemplo para o mundo.” Leia também Igor Gadelha O pedido de Lula a um ministro sobre a saída do Brasil do Mapa da Fome Brasil Lula celebra saída do Brasil do Mapa da Fome Brasil Apesar de saída do Mapa da Fome, trabalho continua, diz ministro Brasil Apesar de sair do Mapa da Fome, Brasil enfrenta insegurança alimentar País fora do Mapa da FomeAs falas de Lula vem logo após o anúncio de que o Brasil foi oficialmente retirado do Mapa da Fome da ONU, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).A conquista foi atribuída à retomada de políticas sociais e à prioridade dada à segurança alimentar na formulação do orçamento.Reinstalado pelo mandatário no início de seu terceiro mandato, o Consea tem atuado na articulação entre governo e sociedade civil em políticas de combate à miséria. A medida integra um esforço mais amplo de reconstrução da rede de proteção social, com reforço de programas como o Bolsa Família, o incentivo à agricultura familiar e o crédito a micro e pequenos produtores.5 imagensFechar modal.1 de 5Presidente LulaCanal Gov/Reprodução2 de 5Canal Gov/YouTube/Reprodução3 de 5Lula KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo4 de 5Presidente Lula KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo5 de 5Presidente LulaPresidência da República“Muito dinheiro na mão de poucos é miséria”No final do discurso, Lula fez um balanço otimista do momento econômico do país, com destaque para a queda do desemprego, o aumento da massa salarial e a ampliação de crédito público.Ele comparou o cenário a um “formigueiro” que começa a funcionar em várias frentes ao mesmo tempo.“Muito dinheiro na mão de poucos significa pobreza, miséria, prostituição, analfabetismo, desnutrição. Agora, pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente a riqueza que todos nós brigamos todo santo dia”, disse.