A compra começa no comentário: o novo comportamento do consumidor digital [Coluna]

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Quando pensamos em compra online, ainda é comum imaginar o consumidor acessandouma loja virtual, pesquisando um produto e finalizando a transação por ali. Mas essecomportamento está ficando para trás. A jornada de consumo digital está se transformandorapidamente e, com ela, o próprio perfil do comprador. Agora, a decisão de compra começaem uma conversa no chat, um comentário em rede social ou até na sugestão feita por umagente virtual movido por IA.Essa mudança não acontece por acaso. A evolução das tecnologias generativas e deautomação está redesenhando a forma como as marcas interagem com o público e comoeste público espera ser atendido. A conveniência não é mais apenas um diferencialcompetitivo: ela se tornou o mínimo aceitável. E, em um cenário onde a atenção doconsumidor é fragmentada, imediatista e escassa, qualquer fricção na jornada pode sersinônimo de desistência.Um estudo recente da McKinsey mostrou que medir a atenção do consumidor tornou-semais complexo, justamente porque ela está pulverizada entre múltiplos canais, dispositivose estímulos. Nesse contexto, é a capacidade de resposta imediata e personalizada queconquista, ou perde uma venda. Por isso, vemos crescer o uso de chats com IA, que sãocapazes de compreender preferências, esclarecer dúvidas e, em muitos casos, concluiruma compra em poucos toques.Mais do que automatizar o atendimento, a IA está permitindo uma nova lógica de consumo:a compra por impulso mediada pela confiança. Um comentário positivo sobre um produtonas redes sociais pode se converter em venda instantânea quando há um link inteligente,um chatbot proativo ou uma experiência fluida. O marketing, antes centrado em grandescampanhas, passa a se conectar com o consumidor no microcontexto: um meme, um reels,uma menção espontânea.Isso impõe às marcas um desafio considerável e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Épreciso construir sistemas de atendimento cada vez mais inteligentes, com linguagemnatural, capacidade de personalização e integração direta com os estoques e meios depagamento. A barreira entre marketing e vendas se dissolve quando o próprio conteúdo setorna canal de conversão.Mas atenção: tecnologia por si só não resolveA automação só é eficaz quando combinada à escuta ativa e à capacidade de adaptação.Uma IA que responde rápido, mas de forma genérica, não cria vínculo. Já uma quecompreende o contexto, o histórico do consumidor e suas intenções reais têm muito maischance de impactar e fidelizar.Nesse novo cenário, o papel da liderança também muda. Não basta implementarferramentas de automação: é preciso promover uma cultura orientada à experiência doconsumidor em tempo real. Isso significa investir em dados de qualidade e garantir quetodas as áreas de marketing a produto estejam alinhadas em torno da jornada de compra.O futuro das compras online será cada vez mais conversacional, fragmentado eimpulsionado pela IA. As marcas que entenderem essa lógica e forem capazes de se inserirnas conversas certas nos canais certos terão vantagem. As que insistirem em processosengessados, demorados ou impessoais correm o risco de se tornarem invisíveis, mesmoestando tecnicamente “presentes” em todas as plataformas.A compra já não começa mais no carrinho, mas na conversa. Saber ouvir, responder efacilitar essa conversa é o novo diferencial competitivo.